sábado, 26 de fevereiro de 2011

Dia a Dia de uma professora pedindo socorro.

ENQUANTO O MUNDO NÃO ACABA....


Depois de um final de semana bacana, lá vou eu pra escola de novo, vejam o que realmente tem me incomodado. Estamos terminando março, meio do primeiro bimestre. Daqui um mês tenho que fechar as notas, e se fizesse isso hoje, mais ou menos setenta por cento dos alunos ficariam com nota vermelha. Eu exigente demais? Não. O fato é que ao menos onde leciono, parece que foi combinado entre os alunos que lição é coisa do passado. Lição de casa, então, nem pensar. De uma sala de quarenta alunos, seis me apresentaram a tal da lição de casa.
Os exercícios que eles fazem em sala de aula tem um ibope maiorzinho, em média trinta alunos fazem. Poderia deixar o circo pegar fogo, deixar a bomba estourar mesmo, e estou cada dia mais tentada a fazer isso. Aí, no dia do conselho, as professoras que apresentam mais notas vermelhas são as incompetentes.
O governo criou a tal apostila do aluno, e eu nem reclamo, pelo contrário. Ali tem exercícios bem dinâmicos, serviram para unificar o ensino muito bacanas mesmo. Uma pena o fato de eu não possuir nenhum artifício para que eles realmente façam o que é proposto ali. Afinal, o aluno que não faz nada, absolutamente nada, mas está todo dia presente na sala, é aprovado automaticamente pela “progressão automática” só que o aluno não apresentou nenhum progresso. Automaticamente sim, da quinta série até a oitava ele vai sem nem ao menos precisar abrir o caderno, feliz da vida. Chega à oitava série reprova uma vez, no máximo. Ah, sim, reprova é culpa do professor, que não pegou na mão do infeliz e não obrigou a fazer absolutamente nada. Aí resulta num primeiro ano do ensino médio que eu tenho. Boa parte não sabe ler. Escrever então, esquece. Vontade de participar da aula oralmente, a fim de conseguir alguma nota também é pedir demais. Quando eles estão na sala, as paredes brancas pichadas de preto geralmente me dão muito mais atenção. Claro, culpa minha, somente minha.

Outro dia um encostou um estilete no pescoço do colega, dentro de uma sala de aula. Adivinha? Ele está lá, normalmente, como se nada tivesse acontecido. O outro mordeu uma professora no ano passado. Não preciso falar que o menino continua lá. Alunas se xingam pelos nomes que acho que não escutaria nem numa briga dentro de um puteiro, alunos comentam cenas de filmes adultos durante as aulas, e o xingamento mais frequente na maior parte das salas é “macaco”. O que podemos fazer? Esperar que o mundo acabe, nada mais. Infelizmente vai demorar, enquanto isso tenta ensinar algo e um pouquinho de civilidade para alguns poucos interessados. Poucos.

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