terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

BULLYING

         Esse bullying...
         Os pais não conseguem educar seus filhos emocionalmente e, tampouco, sentem-se habilitados a resolverem conflitos por meio do diálogo e da negociação de regras. Optam muitas vezes pela arbitrariedade do não ou pela permissividade do sim, não oferecendo nenhum referencial de convivência pautado no diálogo, na compreensão, na tolerância, no limite e no afeto. Quando buscamos as causas da violência escolar, as famílias dos alunos freqüentemente aparecem como uma das principais causas de tal fenômeno. Mas até que ponto essa crença é correta?
         Sem dúvida, a família é essencial no desenvolvimento de qualquer indivíduo e poderíamos dizer que ela muitas vezes é a base para a formação da nossa personalidade. Mas não podemos deixar de pontuar que ela não é a única influência à qual as crianças estão submetidas. Desde que nascemos recebemos inúmeros estímulos dos mais variados ambientes e é essa conjunção de impressões que vamos colhendo ao longo da vida, a partir dos lugares que passamos e das pessoas com as quais convivemos que irá determinar nosso caráter. Assim, embora a família tenha um peso bastante considerável na nossa formação, não necessariamente será a referência determinante. Podemos ter como maior referência em nossa vida um professor, uma religião ou até mesmo a família de um amigo, pois somos seres humanos multifacetados e nossa identidade se constrói através de uma série complexa de situações, como se fosse um quebra-cabeça.
         Nesse quebra-cabeça cada um que passar pela vida de uma criança terá sua parcela de responsabilidade por aquilo que ela se tornará e sem sombra de dúvida, a escola pode e deve contribuir para que sua parcela de participação seja perene e determinante. Isso significa pensar que assim como as famílias, os educadores são modelos para seus alunos, querendo ou não. Ao aprenderem por imitação, as crianças colocam o fator ambiental como causa dos seus comportamentos, fator esse que é representado pelas famílias, pela escola, pelos amigos, pela sociedade em geral.
Desta forma, a escola pode, assim como a família, ser uma das peças importantes desse complexo quebra-cabeça que é o caráter dos seus alunos e deve aproveitar essa excelente oportunidade de fazer a diferença!
         A escola também tem se mostrado inabilitada a trabalhar com a afetividade. Os alunos mostram-se agressivos, reproduzindo muitas vezes a educação doméstica, seja por meio dos maus-tratos, do conformismo, da exclusão ou da falta de limites revelados em suas relações interpessoais.
         Não devemos esquecer que o lar é o autêntico formador de pessoas. Os jovens aprendem continuamente através dos seus pais, não só o que estes lhes contam, mas também, sobretudo, pelo que vêem neles, como atuam, como respondem perante os problemas. Em definitivo, os jovens observam e copiam o proceder dos seus pais perante a vida. A autêntica educação dos valores transmite-se, passa dos pais para os seus filhos desde o dia do nascimento até ao final da vida. Os valores são repassados através do exemplo, mas assentam com força, graças à compreensão de que é necessário.  Para Cury (2003), no livro "Pais brilhantes Professores fascinantes", o dialogo é uma ferramenta educacional insubstituível. Deve haver autoridade na relação pai-filho e professor-aluno, mas a verdadeira autoridade é conquistada com inteligência e amor. "Pais que beijam, elogiam e estimulam seus filhos desde pequenos a pensar não correm o risco de perdê-los e de perder o respeito deles." (Cury, p. 90) .
         Quem nunca foi zoado ou zoou alguém na escola? Risadinhas, empurrões, fofocas, apelidos como “bola”, “rolha de poço”, “quatro-olhos”. Todo mundo já testemunhou uma dessas “brincadeirinhas” ou foi vítima delas. Mas esse comportamento, considerado normal por muitos pais, alunos e até professores, está longe de ser inocente. Isso não deve ser encarado como brincadeira de criança. Especialistas revelam que esse fenômeno, que acontece no mundo todo, pode provocar nas vítimas desde diminuição na auto-estima até o suicídio. “bullying” diz respeito a atitudes agressivas, intencionais e repetidas praticadas por um ou mais alunos contra outro. Portanto, não se trata de brincadeiras ou desentendimentos eventuais. Os estudantes que são alvos de bullying sofrem esse tipo de agressão sistematicamente.
Para os alvos de bullying, as conseqüências podem ser depressão, angústia, baixa auto-estima, estresse, absentismo ou evasão escolar, atitudes de autoflagelação e suicídio, enquanto os autores dessa prática podem adotar comportamentos de risco, atitudes delinqüentes ou criminosas e acabar tornando-se adultos violentos. O que é violência? Segundo o Dicionário Houaiss, violência é a “ação ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força”. No aspecto jurídico, o mesmo dicionário define o termo como o “constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação”.
         Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como “a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. Mas os especialistas afirmam que o conceito é muito mais amplo e ambíguo do que essa mera constatação de que a violência é a imposição de dor, a agressão cometida por uma pessoa contra outra; mesmo porque a dor é um conceito muito difícil de ser definido.
         Para todos os efeitos, guerra, fome, tortura, assassinato, preconceito, a violência se manifesta de várias maneiras. Na comunidade internacional de direitos humanos, a violência é compreendida como todas as violações dos direitos civis (vida, propriedade, liberdade de ir e vir, de consciência e de culto); políticos (direito a votar e a ser votado, ter participação política); sociais (habitação, saúde, educação, segurança); econômicos (emprego e salário) e culturais (direito de manter e manifestar sua própria cultura). As formas de violência, tipificadas como violação da lei penal, como assassinato, seqüestros, roubos e outros tipos de crime contra a pessoa ou contra o patrimônio, formam um conjunto que se convencionou chamar de violência urbana, porque se manifesta principalmente no espaço das grandes cidades. Não é possível deixar de lado, no entanto, as diferentes formas de violência existentes no campo.
         A violência urbana, no entanto, não compreende apenas os crimes, mas todo o efeito que provocam sobre as pessoas e as regras de convívio na cidade. A violência urbana interfere no tecido social, prejudica a qualidade das relações sociais, corrói a qualidade de vida das pessoas. Assim, os crimes estão relacionados com as contravenções e com as incivilidades. Gangues urbanas, pixações, depredação do espaço público, o trânsito caótico, as praças malcuidadas, sujeira em período eleitoral compõem o quadro da perda da qualidade de vida. Certamente, o tráfico de drogas, talvez a ramificação mais visível do crime organizado, acentua esse quadro, sobretudo nas grandes e problemáticas periferias.
         Hoje, no Brasil, a violência, que antes estava presente nas grandes cidades, espalha-se para cidades menores, à medida que o crime organizado procura novos espaços. Além das dificuldades das instituições de segurança pública em conter o processo de interiorização da violência, a degradação urbana contribui decisivamente para ele, já que a pobreza, a desigualdade social, o baixo acesso popular à justiça não são mais problemas exclusivos das grandes metrópoles. Na última década, a violência tem estado presente em nosso dia-a-dia, no noticiário e em conversas com amigos. Todos conhecem alguém que sofreu algum tipo de violência. Há diferenças na visão das causas e de como superá-las, mas a maioria dos especialistas no assunto afirma que a violência urbana é algo evitável, desde que políticas de segurança pública e social sejam colocadas em ação. É preciso atuar de maneira eficaz tanto em suas causas primárias quanto em seus efeitos. É preciso aliar políticas sociais que reduzam a vulnerabilidade dos moradores das periferias, sobretudo dos jovens, à repressão ao crime organizado. Uma tarefa que não é só do Poder Público, mas de toda a sociedade civil.

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