terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

ALFABETIZAÇÃO

PROFESSOR ALFABETIZADOR: REFLEXÃO E PRÁTICA
           RESUMO
Neste artigo faremos uma reflexão sobre algumas ações pedagógicas vivenciadas na prática docente. Durante a prática de ensino, observa-se  que temos na escola muitos analfabetos funcionais, ou seja, alunos que só decodificam o código escrito sem fazer qualquer interpretação ou reflexão sobre o que acabou de ler. Diante disso percebemos a necessidade de realizar algumas leituras acerca da alfabetização, de modo a refletir sobre a atuação do educador alfabetizador na sala. Iremos então abordar aqui, como  acontece à construção da escrita e da leitura pela criança e ainda sobre a formação continuada do professor.
Palavras-Chaves: Alfabetização, prática de ensino e reflexão 
Entendemos que o profissional que se dispõe a trabalhar com a alfabetização de crianças, precisam compreender como se dá esse processo, para poder planejar situações significativas e desafiadores, envolvendo todo o contexto social do seu alunado.   A formação dos professores precisa ser pensada como peça-chave para a  melhoria da qualidade da educação, pois o que se observa é uma enorme distância entre o perfil de educador que a atualidade exige e a realidade reprodutivista e passiva, vivida nas instituições escolares.Para romper com essas resistências, nós enquanto educadores precisamos enxergar o ensino além do que está posto, sendo essa uma tarefa muito complexa, que não pode ser pensada individualmente, pois muitos são os determinantes que intervêm para permanecermos assim, principalmente as políticas públicas que envolvem a educação.A formação do professor desempenha papel fundamental na configuração de uma nova proposta de ensino. Para tanto, precisa ser entendida como um processo de construção individual e coletiva, no qual os professores não sejam apenas consumidores, executores, técnicos de sua ação pedagógica, mas profissionais criadores, inventores, críticos, reflexivos e capazes de pesquisar a partir do seu contexto construindo e reconstruindo sua própria prática. Desse modo, romper com o que está posto, implica, segundo Nóvoa (1991, p. 67),“que os professores assumam o papel de protagonistas do processo educativo na tripla dimensão pedagógica, científica e institucional”.É com esta visão que Sacristán (apud NÓVOA, 1997, p. 55) aponta para necessidade de um “modelo de desenvolvimento profissional e pessoal, evolutivo e continuado” para situar o aperfeiçoamento dos professores. Assim, o enfrentamento e a resolução dos problemas escolares dar-se-á a partir de uma indagação reflexiva na qual professores em formação e em exercício tomam consciência das questões sobre o ensino que praticam. É, pois, através da ação reflexiva sobre os fazeres e saberes pedagógicos que as mudanças podem acontecer, havendo, assim, compromisso entre os envolvidos no processo professor/ aluno/ escola/sistema (SCHÖN, 2000).O comprometimento dos professores com sua profissão exige a reflexão permanente sobre a sua prática pedagógica, buscando compreender os problemas de ensino, a organização dos currículos escolares ao mesmo tempo em que aprendem como pessoas e como profissionais. Esse processo implica que sejam capazes de socializar suas construções através de troca de experiências com outros docentes. Nóvoa (1991, p. 67) confirma esta idéia ao mencionar que “os professores devem deter os meios de controle sobre o seu próprio trabalho, no quadro de uma maior responsabilização profissional e de uma intervenção autônoma na organização escolar”.Nesse sentido, é preciso repensar o processo de formação continuada que as instituições propõem, este precisa instigar o professor a desenvolver a autonomia profissional, a refletir sobre sua prática, a construir teorias sobre o seu próprio trabalho, pois a prática necessita da teoria e vice-versa. Ainda tem sido muito comum as escolas pensarem na formação continuada a partir da promoção de cursos de capacitação, por meio de palestras nas quais os professores ouvem o que devem fazer. Essas dinâmicas se constituem em reflexões periféricas, mas que não se sustentam na hora do professor efetivar a sua prática porque ele nem sempre tem oportunidade de reelaborar seus conhecimentos, pois a busca por um ensino diferenciado deveria partir da construção, ação-reflexão-ação do próprio educador.Nessa perspectiva, Schön (2000) afirma que o professor precisa atuar como um profissional que reflete sobre suas experiências e saberes, pois na medida em que coloca para si as questões do cotidiano como situações de desafio estará abrindo espaços para a consolidação desse processo de reflexão. Para o mesmo autor, isso implica um processo de pensar, ou seja, fazer uma reflexão na ação, permitindo a reorientação da ação no mesmo momento em que a está vivendo. Outro momento desse processo é a reflexão sobre a reflexão na ação. O profissional busca a compreensão da ação, elabora sua interpretação e tem condições de criar outras alternativas para aquela situação.
Considerações Finais
A escola necessita organizar espaços e tempos para que a formação continuada de professores seja desenvolvida a partir das necessidades do grupo, sendo a voz dos professores o elemento de reflexão, trazendo a teoria a partir da prática para que possam interpretá-la.Portanto, é fundamental que os sujeitos envolvidos no processo de ensino entendam a escola como uma organização dinâmica, permitindo que se construam novas aprendizagens e, a partir dessas aprendizagens, encontrem respostas capazes de colaborar para a compreensão da complexidade que envolve o sistema escolar e o fazer pedagógico na alfabetização.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRO, Emilia. Desenvolvimento da Alfabetização: psicogênese. Como as Crianças Constróem a Leitura e a Escrita: Perspectivas Piagetianas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. PÉREZ GOMES, A. O pensamento do professor: a formação do professor como profissional reflexivo. In: NÓVOA, A. (org.) Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1999. SCHÖN, D.A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000.
VYGOTSKI, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
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