sexta-feira, 18 de março de 2011

SOS Professor.

Não tenho milhares de leitores. Tenho alguns.
Mas este número já é o suficiente para que eu me sinta responsável pelo que escrevo.
E, por isso, peço desculpas pelo que escrevo ultimamente, pois sinto-me numa fase obscura, desanimadora.
Terei em breve coisas boas pra contar, advindas de um trabalho que estamos fazendo na escola de São Paulo. Nem tudo são espinhos. (nada nada nada nada nada a ver com as mirabolantes idéias da Secretaria de Educação).
Mas meu sentimento agora é de frustração, desânimo e depressão.
Não só pelo trabalho nas escolas – seria injusto apenas culpá-los. Mas como não quero fazer análise de vida pessoal aqui, paro de lamentar.
Vamos ao tema principal do artigo.
O fato é que minha vida deu uma pernada pro ar e minha cabeça não sabe por onde anda… o que acaba refletindo em minha vida profissional, nas escolas.
Hoje discuti com dois alunos de uma turma que não é minha.
Estava uma zona, eu saía de uma turma e entrava em outra, metade de uma foi pro corredor, metade da outra estava em pé discutindo com outros alunos que estavam no recreio do lado de fora da janela da sala e, neste meio do inferno, pelo corredor vêm outros desta outra turma para junto de Dante.
Entendeu? É assim mesmo que estava a coisa.
Pedi que voltassem. Enfrentaram-me: “você não é professora da minha turma!!”, coisa e tal, nariz pra cima, cara de não te obedeço. E tentaram continuar.
À medida que fui levando-os para mais longe e que foram se exaltando comigo também o fui com eles.
Explodi.
Até palavrão – que devo confessar envergonhada estarem se tornando recorrentes em minha boca – saiu.
Diretora; o professor da turma; a coordenadora…
Fui à sala delas. Conversamos. Pedi desculpas aos alunos – por mim mesmo, não precisaram me dizer para fazê-lo. Sei que errei… mas às vezes não é fácil controlar.
No fim de tudo, no ônibus, conversando com um colega, soube que um dos alunos faz tratamento prascabeça; toma, inclusive, remédio receitado.
Mas, detalhe: a mãe achou que ele estava melhorando e… parou de dar o remédio. Simples assim.
Acho que eu que tô precisando…

Um comentário:

  1. Todos sabemos que, hoje, não é apenas o Estado que pinta e borda com os professores, mas os próprios alunos fazem questão de dar sua contribuição ao processo de humilhação e intimidação desse profissional que, em última instância, está ali para exercer a promoção humana pela educação escolar. Não estou dizendo que professor é santo ou missionário. Os profissionais da educação são feitos do mesmo barro que os profissionais das outras áreas, são seres humanos comuns, cheios de falhas, mas (em sua maioria) têm muita vontade de exercer sua profissão com dignidade.Nem mesmo as crianças menores que freqüentam as séries iniciais são fáceis de lidar. Os meninos desde cedo chegam à escola com a boca repleta de xingamentos e um repertório de gestos (certamente aprendidos com os adultos mais próximos) que fazem corar. Na primeira série, se contrariados, já sabem colocar a mão na virilha, balançá-la e dizer à professora “ó aqui pra tu, ó!”, como se estivessem diante de uma vagabunda. Cinco anos de formação acadêmica para receber um salário de fome e um tratamento desses.Porém, como afirma Paulo Freire "Como professor não me é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se não supero permanentemente a minha".Esta página destina-se a reflexão sobre o que ocorre nas escolas em matéria de indisciplina, alguns trabalhos de sucesso realizado com os pequenos do fundamental I.Estejam à vontade para comentários a respeito do que vem sofrendo com a questão da indisciplina.

    ResponderExcluir