domingo, 23 de outubro de 2011

RESUMO DO LIVRO – A VIDA DIGITAL

RESUMO DO LIVRO – A VIDA DIGITAL

De Nicholas Negroponte
Na era da comunicação, a maior parte das informações chega até nós em forma de átomos: jornais, revistas, livros. Porém, muitas das informações que recebemos estão se digitalizando, passando a chegar até nós em forma de bits. Um bit não tem cor nem peso e é capaz de viajar à velocidade da luz. Ele é um estado: desligado ou ligado, preto ou branco, um ou zero. Uma fileira de bits é a representação binária de uma informação que circula no mundo digital. Tudo, até áudios e vídeos, foram reduzidos a sequências de “uns” e “zeros”.
Digitalizar um sinal é extrair amostras que, se colhidas a pequenos intervalos, podem ser utilizadas para produzir uma replica perfeita daquele sinal. A digitalização tem muitos méritos. Um dos mais óbvios é a compressão de dados e correção de erros, o que é importante para a transmissão da informação por um canal ruidoso. Mas já se pode perceber que as conseqüências da vida digital são bem mais significativas. Na utilização de bits para descrição de sons e imagens há a grande vantagem em usá-los na menor quantidade possível. A quantidade de bits empregados por segundo ou centímetro quadrado tem uma relação direta com a reprodução fiel da música ou da imagem. O número de bits por segundo que se pode transmitir através de qualquer canal define a sua largura de banda.
A largura de banda é a capacidade de transmitir informações por um determinado canal (essa transmissão pode ser por fibra ótica, que tem capacidade infinita; por fio de cobre, que é considerado um canal de baixa largura de banda; e por éter, ou ondas de rádio, que é considerado infinito por ser ar, puro ar). Não é só a largura de banda que importa, mas também a sua configuração. Esta pode ser por “estrelas”, em que as vias de transmissão de informação são desimpedidas do transmissor ao receptor, ou em “laços”, em que há uma via de trasmissão de informação que sai do transmissor e ao longo da qual se encontram todos os receptores aos quais a informação se destina.
Duas conseqüências fundamentais e imediatas poderão ser observadas quando todos os meios de comunicação forem digitais: Os bits combinam-se facilmente; e a mistura de áudio, vídeo e dados é chamada multimídia (não quer dizer nada além de bits misturados). A segunda conseqüência é que nasce um novo tipo de bit – o bit “cabeçalho” – que nos dá informação, seja sob forma de índice ou de descrição de dados, sobre as informações que os seguem. Estes bits não são visíveis nem audíveis, apenas informam a nós e ao computador sobre o sinal. Os bits possuem valores não apenas diferentes, mas valores que variam de acordo com quem os está usando e como.
A TV, assim como o jornal, é um exemplo de veículo no qual a inteligência da transmissão encontra-se no transmissor, o receptor apenas recebe o que é enviado. A TV propicia uma experiência sensorial mais rica enquanto o jornal, por ser um veículo impresso, pode ser consumido de diferentes formas, por diferentes pessoas em diferentes momentos. Os bits são os mesmos mas a experiência da leitura é diferente para cada pessoa.
A criação de computadores que filtrem e classifiquem a multimídia para nós fará com que tudo isso se torne diferente. Esses computadores funcionarão como editores pessoais de cada individuo que selecionarão somente as informações que se deseja receber.
O mundo digital é intrinsecamente maleável. Ele pode crescer e modificar-se de uma forma mais contínua e orgânica do que os antigos sistemas analógicos. Hoje ainda estamos presos a três padrões analógicos: o NTSC (National Television System Comittee), o PAL (Phase Alternating Line) e o SECAM (Sequential Couleur Avec Mémoire), que foram estipulados por paises norte americanos, europeus e o Japão respectivamente, cada um adotando o seu sistema. O resto do mundo teve que, querendo ou não, utilizar um desses três sistemas. Ser digital é ser independente de tais padrões confinantes.
Na época dos aparelhos analógicos, o trabalho de alocação do espectro da FCC (Federal Communication Commission) era muito mais fácil. Num mundo digital, porém, tais diferenças embaralham-se ou, em alguns casos, desaparecem: tudo são bits. Podem ser bits de rádio, de TV ou de comunicação naval, mas são sempre bits, sujeitos àquela mesma mistura e multiuso que define o que é multimídia. A missão da FCC é fazer com que serviços avançados de informação e entretenimento proliferem em benefício do interesse público.
No mundo digital o benefício que a informação traz acaba por gerar inúmeras facilidades. É muito fácil copiar fielmente o conteúdo das informações veiculadas. O resultado é idêntico ao original. O tratamento hoje dispensado aos direitos autorais, e a atitude em relação a eles, varia radicalmente de um veículo para o outro. No mundo digital não se trata apenas de ser mais fácil copiar e das cópias serem mais fiéis. Recortar bits é bem diferente de recortar átomos. Se você resume um material escrito, este resumo é propriedade intelectual sua. O direito autoral protege a expressão e a forma da idéia, e não a idéia em si. Em se tratando de bits, nos deparamos com um novo elenco de questões, e não apenas com os velhos problemas da pirataria. O meio já não é mais a mensagem.
Serviços de informação e entretenimento que saibam de fato tirar proveito da multimídia precisam ser desenvolvidos, necessitando de um período de gestação longo o bastante para acomodar sucessos e fracassos. A maior parte dos atuais aplicativos multimídia é algo anêmico, raramente constituindo mais do que um ou outro tipo de oportunismo. Hoje a oferta de multimídia constitui-se sobretudo de produtos para o consumo, que alcançam a maioria dos americanos de cinco a dez anos, além de um número crescente de adultos. A longo prazo a multimídia será predominantemente um fenômeno on-line.
De uma forma ou de outra, uma mudança editorial fundamental tem lugar, pois não se trata mais de uma escolha do tipo “ou-ou” entre profundidade e volume da informação. No mundo digital, o problema do volume versus profundidade desaparece, de modo que leitores e autores podem mover-se com mais liberdade entre o geral e o específico. Na verdade, a idéia de querer saber mais sobre um assunto é parte integrante da multimídia, e está na base da hipermídia.
A hipermídia é um desenvolvimento do hipertexto, designando a narrativa com alto grau de interconexão: a informação vinculada. A expressão de uma idéia ou linha de pensamento pode incluir uma rede multidimensional de indicadores apontando para novas formulações ou argumentos, que podem ser evocados ou ignorados. Imaginando o texto como um complexo modelo molecular podemos reordenar pedaços de informação, expandir frases e fornecer de imediato definições de palavras. A hipermídia é como uma coletânea de mensagens elásticas, que podem ser esticadas ou encolhidas de acordo com o leitor. As idéias podem ser abertas e analisadas com múltiplos níveis de detalhamento.
A interação está implícita em tudo quanto é multimídia. Produtos multimídia são tanto TVs interativas quanto computadores com recursos de vídeo. A multimídia vai se tornar mais parecida com um livro, algo que você poderá ter junto de você a qualquer hora e em qualquer lugar. E você poderá interagir com ela.
No mundo digital, o meio não é a mensagem: é uma das formas que ela assume. Uma mensagem pode apresentar vários formatos derivando automaticamente dos mesmos dados. Os mesmos bits poderão ser contemplados de diferentes perspectivas. Dependendo da forma que o receptor deseje receber a informação (áudio, vídeo) a atenção dele será concentrada na forma como a mensagem está sendo recebida. Se for por áudio, a atenção será dirigida para a audição, e se for em vídeo a atenção será direcionada para a visão. Estas formas de recepção da mensagem acabam por alterar a percepção do receptor.
Os meios e mensagens da multimídia se tornarão uma mescla de conquistas técnicas e artísticas. E os produtos para o consumidor serão a força motriz dessa evolução.
A evolução da informática vem ocorrendo num ritmo tão acelerado que passamos a dispor de um poder de processamento a um preço baixo o bastante para podermos gastá-lo livremente no aperfeiçoamento da facilidade de interação entre o indivíduo e o seu computador.
Quando as pessoas falam da aparência do computador ou da impressão que eles causam, elas estão se referindo à interface gráfica do usuário.
A interface dos computadores pessoais tem sido tratada como um problema de desenho físico, quando trata-se na verdade da criação de uma personalidade, do design da inteligência e da construção de máquinas capazes de reconhecer a expressão humana. O desafio para a próxima década é fazer com que as máquinas reconheçam seus usuários, assim como os cães conseguem reconhecer seus donos, e saber o que eles querem dizer através da entonação da voz ou de expressões faciais. O segredo do projeto de uma interface é fazê-la desaparecer. As máquinas têm de adquirir uma tal inteligência que faça com que a interface desapareça.
A melhor interface seria aquela que dispusesse de canais diversos e correntes de comunicação, mediante os quais o usuário pudesse expressar sua intenção a partir de uma série de aparatos sensoriais diferentes: um canal de comunicação forneceria a informação faltante ao outro, complementando-o. A interface com desenho mais eficaz resulta da combinação das forças da riqueza sensorial e da inteligência da máquina.
Haverá pontos específicos no espaço e no tempo onde bits serão convertidos em átomos e vice-versa. Quer se trate de transmissão por cristal líquido ou da reverberação de um sintetizador de voz, a interface vai precisar ter um tamanho, uma forma, uma cor, um tom de voz e todo o restante da parafernália sensorial.
Com o desencadeamento da computação gráfica e da criação do sistema de janelas, a informática avançou para o que chamamos hoje em dia de realidade virtual (pleonasmo ou oxímoro?). A realidade virtual pode tornar o artificial tão realista quanto o real, ela nos permite vivenciar uma situação “virtual” com o nosso próprio corpo. A idéia da realidade virtual é nos proporcionar a sensação de “estar lá”. A medida de quão real essa experiência visual pode ser depende de dois fatores: a qualidade da imagem (número de linhas exibidas e a textura entre elas) e o tempo de resposta (velocidade com que as cenas são atualizadas).
A qualidade do monitor é algo que vai literalmente além do que o olho vê. É uma experiência visual que envolve outros sentidos. A sensação coletiva é, no seu todo, maior do que a soma de suas partes. Nós tendemos a julgar nossas experiências sensoriais como um todo, e não de acordo com as suas partes.
As interfaces também estão presentes na realidade virtual: a interação se dá através de um óculos que faz você “enxergar” o mundo. Nossas interfaces serão variadas daquí prá frente. A sua será diferente da minha, em função de nossas respectivas predileções no tocante à informação, de nossos hábitos de entretenimento e de nosso comportamento social, todos esses fatores extraídos da vasta paleta da vida digital.
Nós estamos passando para a era da pós-informação. Na era da informação, os meios de comunicação de massa tornaram-se simultaneamente maiores e menores. Novas formas de transmissão televisiva atingiram públicos maiores, ampliando ainda mais a difusão. Na era da pós-informação, o público que se tem é, com freqüência, composto de uma única pessoa. Tudo é feito por encomenda, o que torna a informação extremamente personalizada. A individualização é a extrapolação do narrowcasting – parte-se de um grupo grande para um grupo pequeno, depois para um menor ainda, até chegar ao indivíduo.
A era da pós-informação tem a ver com o conhecimento paulatino: máquinas entendendo indivíduos com o mesmo grau de sutileza que esperamos de seres humanos.
A era da pós-informação nos trouxe uma quebra de barreiras e distâncias. Há tempos já é possível para uma pessoa que viva na América do Sul ter um conhecimento aprimorado da cultura e da história de países do Oriente, por exemplo, através das pesquisas na internet e trocas de e-mails com pessoas que vivam nesses países.
A vida digital ainda envolve muito pouca transmissão em tempo real. O futuro que nos espera, ou que já estamos começando a viver, nos traz surpresas. A informação não irá mais chegar até o receptor de forma assíncrona. Os aparelhos eletrônicos receberão as informações em forma de bits, e selecionarão apenas a informação que julgar ser útil à pessoa que usa a máquina. Na mídia digital será mais freqüente o emprego do sistema pay-per-view , e isso não apenas na base do tudo ou nada, mas, antes, à maneira dos jornais e revistas, cujo custo poderá ser dividido entre leitor e anunciante. Em alguns casos, o consumidor poderá optar por receber o material sem anúncios, mas a um preço maior. Em outros casos, os anúncios serão tão personalizados que não se poderá distinguí-los das notícias. Eles serão notícia para o indivíduo que o acessar.
Os modelos econômicos da mídia atual baseiam-se quase exclusivamente em empurrar a informação e o entretenimento para o público. A mídia de amanhã terá tanto ou mais a ver com o ato de escolher: você e eu acessaremos a rede e conferiremos o que há nela, da mesma forma como hoje fazemos numa biblioteca.
Os filmes e programas de televisão passarão a ser por encomenda. O vídeo por encomenda poderá dar vida nova aos documentários. Os filmes serão editados num instante, permitindo acessar as informações disponíveis e organizá-las de forma a otimizar o seu entendimento pelo consumidor.
Há hoje quatro caminhos para a informação chegar até o consumidor: o telefone, o cabo, o satélite e a radiodifusão. O caminho destas transmissões pode ser decidido em função da sua adequação a um determinado tipo de bit. De maneira gradual mas inevitável, os bits irão migrar na hora certa para o canal mais adequado.
Nas próximas décadas, os bits que descreverem outros bits, os índices e os sumários vão proliferar na transmissão digital. Eles serão inseridos pelo homem com o auxílio das máquinas, e isso poderá ser feito quando do lançamento do produto (como as legendas e traillers de hoje) ou mais tarde (com adição de críticas ou comentários).
Esses mesmos bits cabeçalhos funcionarão muito bem para a publicidade também, e além disso oferecerão ferramentas para o indivíduo selecionar a informação desejada, e dotarão a rede de meios de despachar bits para quem quer que os queira, esteja onde estiver. As redes aprenderão o que é de fato uma rede. As atuais redes ainda são incipientes e deverão se aprimorar para serem redes de fato.
A Internet é interessante não apenas por ser uma vasta e onipresente rede global, mas também por ser um exemplo de algo que se desenvolveu sem a participação de um projetista de plantão e que manteve um formato muito parecido com aquele dos patos voando em formação: inexiste um comando e, até agora, todas as suas peças se ajustam de um modo admirável.
A vida digital já começou faz tempo e nós, seres humanos, que deveríamos usufruir dela, estamos acostumados com o trabalho braçal e nos esquecemos das vantagens que ela pode nos oferecer. Os átomos, que serviram para nossa educação já se transformaram em bits, e cada vez mais nós temos oportunidades de evoluir junto com a informática. Ainda há pessoas que se negam a tirar proveito das maravilhas que este mundo digital nos fornece. Alta resolução de imagens, rápida transmissão e personalização de informação, os e-mails que nos proporcionam uma comunicação mais rápida, eficaz e barata, e as melhorias que tudo isso pode trazer para a nossa qualidade de vida.
O mundo em que vivemos está evoluindo de tal forma que em pouquíssimo tempo nós poderemos ter acesso somente àquilo que realmente desejarmos. A informação virá cada vez mais compactada e personalizada até nós.
As facilidades da tecnologia somente acontecem para o nosso bem, e por mais antiquados ou espertos que sejamos para não nos rendermos a ela, teremos acabar nos adaptando.
Há meios e meios de viver uma vida digital: um é se rendendo, aprendendo a vivê-la por necessidade e o outro é seguir a correnteza, enfrentar seus desafios. O mercado de trabalho está cada vez mais exigente; as barreiras do mundo estão cada vez menores, e o volume de informações está cada vez maior. A informação já é tudo ao nosso redor.
A vida digital é a nossa vida, é o presente e é também o futuro, seja ele bom ou ruim. Tudo até agora tem indicado que será um futuro muito bom.
Especialmente porque, se pudermos obter mais informação em menos tempo, sobrará mais tempo para absorção de mais informações ou para outras formas de lazer, melhorando cada vez mais a nossa qualidade de vida.
Autor: Ana Carolina Martins

A INFLUÊNCIA DOS MULTIMEIOS NO IMAGINÁRIO INFANTIL

A INFLUÊNCIA DOS MULTIMEIOS NO IMAGINÁRIO INFANTIL


O IMAGINARIO INFANTIL
A criança é dependente de estimulação e precisa da excitação amorosa desde o primeiro dia de vida. As habilidades que o cérebro de uma pessoa pode desenvolver dependem das experiências que ela teve nos primeiros três anos de vida.
A criança é jogada nessa roda-viva de emoções, sem preparo, introduzida ao nosso mundo de imagens multifacetadas, existências diversas e fantasias surreais. Aos poucos ela vai abrindo os olhos para este novo estado de coisas que vão aparecendo na tela de sua vida, compondo um cenário fantástico e incompreensível, moldando um sem fim de fantasias que aos poucos vão se firmando em sua mente, e moldando o seu novo universo pelo qual ela irá participar como atora e autora até a sua maior transformação como ser natural.
O imaginário é parte inseparável de nossa existência. Faz parte do nosso cotidiano, e é por isso que se diz que o homem é um ser simbólico.
Toda criança sente uma atração para teatralizar, pois tem inata a tendência de representar, onde em suas brincadeiras está sempre dramatizando, fazendo teatro, imitando em seu mundo – miniatura. A dramatização é uma atividade criadora que envolve todos os tipos de expressão (oral, corporal, plástica, musical) e é, por isso mesmo, riquíssima. A partir das histórias lidas, a criança observa, modifica, acrescenta, transpõe para o plano pessoal, fantasiado, inventando, para então reproduzir, exprimindo-se. E é aí que mora o perigo!
Com essa predisposição natural ao lúdico, a criança em sua inocência absorve imagens e situações, processando-as com o objetivo de torná-las alegres e divertidas, criando o brincar na sua mais primitiva e pura forma de manifestar a alegria e satisfazer a necessidade de descarregar toda a energia que o seu corpo começa a gerar. Entendemos então o motivo pelo qual tantas crianças acham a arma de seus pais e acabam por matar seus irmãos(a), tudo não passa de brincadeira para elas.

TRAUMAS INFANTIS
Segundo Alice Miller, Ph.D, sempre foi inconcebível a idéia de que uma criança que vem ao mundo e está atenta e amando aqueles que cuidam dela, venha a se tornar depois um monstro. Então, examinando as histórias das infâncias de assassinos, especialmente os assassinos de massa, e ditadores, eu comecei a compreender onde se situavam as raízes do bem e do mal: elas não estavam nos genes como geralmente se quer acreditar, mas na relação da criança com os pais nos períodos iniciais da sua vida. Hoje as pesquisas neurobiológicas parecem confirmar o que eu descobri há vinte anos atrás.
O conhecimento de que, a violência na infância produz, adultos doentes e cruéis, é um fato cientificamente provado e aceito oficialmente pela Academia Americana de Pediatria em 1998. Ao contrário do senso comum prevalecente há quinze anos atrás, o cérebro humano no período do nascimento está longe de estar completamente desenvolvido.
Pessoas que foram vitimas num dado momento da infância podem, em situações futuras, assumir o papel ativo. Deste modo o medo pode realmente ser evitado ainda que momentaneamente – mas não a longo prazo, porque as emoções reprimidas não podem ser mudadas a não ser que se tornem conhecidas. Elas só podem ser transformadas em ódio dirigido contra o próprio indivíduo ou contra os bodes expiatórios, como por exemplo, seus filhos ou inimigos imaginados. Eu vejo este ódio como uma conseqüência provável de uma antiga raiva e do desespero, mas, nunca como um sentimento conscientemente. É algo que se acumulou no corpo, no cérebro límbico.
As lições que a criança aprendeu nos primeiros três anos não podem ser expurgadas, eliminadas ou ficarem inativas. Se o corpo de uma criança aprende a violência (física ou moral) desde o nascimento, se aprende que atormentar e castigar uma criatura inocente é a coisa certa a fazer, e que o sofrimento da criança não deve ser reconhecido e considerado, e que mensagem da violência é mais forte que conhecimento intelectual que ela vai adquirir numa fase posterior, ela então não terá nenhum outro conhecimento para funcionar de forma diferente.
Ao invés ele vai dar conselhos destrutivos até o dia de sua morte e continuara a ignorar que sua criança interna ainda sofre com as dores, porque a visão que eles têm da realidade é severamente distorcida por lembranças inconscientes do inicio da vida. Por outro lado, uma criança protegida, amada e que foi admirada desde o inicio prosperará na vida porque a partir de sua experiência poderá desenvolver empatia para com o mundo e para com as pessoas que estão nesse mundo.
Mario Quilici, psicanalista, é um pesquisador independente e ativo do desenvolvimento infantil e de como os distúrbios do vínculo entre os Bebês e seus pais podem levar ao surgimento de psicopatologias na medida que impedem um adequado desenvolvimento emocional e conseqüentemente da personalidade. Também pesquisador e estudioso nas áreas de neuropsicologia e psiconeuroimunologia.
A MIDIA
Os meios de comunicação, popularizados aqui no Brasil pela palavra “mídia”, hoje é uma coisa complexa profunda e sutil que permeia a nossa vida. Utilizando-se dos mais eficientes e incisivos instrumentos, jamais conhecidos, de nossa sociedade, hoje praticamente bombardeada a todo instante, com elementos que possam interferir em nosso imaginário singular e pessoal, dimensionando-o para uma vida permeada de símbolos e ações que sedimentarão a nossa “personalidade” junto ao processo civilizatório no qual estaremos inseridos até o fim de nossas vidas.
As dificuldades que existem para que a educação infantil se processe dentro do seu contexto familiar e social controlado, faz com que as pessoas, busquem alternativas e facilitadores, que deliberadamente lhes são colocados à mão como paliativos imediatos, que logo se tornam soluções inquestionáveis e acabam por determinar o rumo das coisas por definitivo.
O imaginário infantil numa sociedade dependente da mídia, está sujeito a manipulações que transformam os seus estágios naturais de formação e crescimento e os direciona para uma existência servil e utilitária, num interesse agressivo.

TELEVISÃO
Os aparelhos de Televisão estão, hoje no centro da vida doméstica, como meio de entretenimento e fonte de informação permanente para toda família; informam adultos e crianças sobre os mais diferentes aspectos do mundo que nos rodeia.
É sem sombra de dúvida, o meio de comunicação que mais intervém, diariamente, no sistema educacional e social; é um veículo indiscutível de expansão dos espaços de aprendizagem que a sociedade moderna oferece.
A criança é um ser estético por natureza, mas é através da ampliação da percepção visual que se possibilita a ela encontrar outras experiências de cunho estético. Quando a imagem invade olhar da criança, estabelece-se uma qualidade de experiência que influirá em seu relacionamento com a televisualidade. Assim, destila o olhar e prepara a criança para a interpretação de conteúdos não-verbais, envolvendo-a por colocá-la diante de uma representação mais complexa e mais apurada, enquanto a experiência estética pode impulsioná-la para a interpretação de imagens visuais. Em vista disso, a criança é capaz de significar a imagem televisual porque:
• As imagens povoam o mundo e envolvem o ambiente infantil;
• A imagem que está mais próxima da criança é a da televisualidade;
A televisão é o principal fator de retardamento intelectual e afetivo do mundo contemporâneo. André lwoff-prêmio nobel de medicina.
A televisão como representante máxima da “mídia”, tantas vezes aparece como principal alternativa em substituição aos pais, de uma criança. Se analisarmos as condições em que estamos vivendo, chegaremos a conclusão que muito pouco é feito para que esta situação se modifique. Quem já usou a tv para “calar a boca” de uma criança?

TV SÓ DEPOIS DOS 2 ANOS
Crianças de menos de 2 anos não devem ver TV, e as crianças maiores e os adolescentes não devem ter TV no quarto. Essas são algumas das recomendações de um estudo divulgado pela, Academia Norte Americana de Pediatria. De acordo com o estudo, a TV pode afetar a saúde física e social dos jovens. No caso dos bebes, a TV não é indicada pois é uma atividade na qual há pouca interatividade com os pais e com outras pessoas. A educadora Peggy Charren, da Ação pela TV das Crianças, entidade que luta por uma melhora na qualidade da programação da televisão dos EUA, engrossa o coro dos que recomendam aos pais que não deixem seus filhos ver TV antes dos 2 anos. (Folha de S.Paulo-10/08/99).
“As primeiras experiências sensoriais na infância são tão importantes e marcantes, que tais impressões são as últimas a sobreviverem, quando o cérebro se desorganiza diante da senilidade, apoplexia, traumatismos físicos e mentais e outros acontecimentos psicofísicos. São também as primeiras a voltarem à recordação, após período de amnésia. Comprova-se assim quão fortes e persistentes são as imagens e impressões vivenciadas e presenciadas na infância” Dr. Bernardino Mendonça Carleial – Psicólogo e Clínico, enunciando um princípio da Medicina de enorme alcance para a formação da infância.

A INFLUÊNCIA ERÓTICA SOBRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES:
“Crianças de 6 a 10 anos…encontram-se na fase que, em Psicanálise, é chamada de latência (ou seja, período de reorganização e preparo para puberdade), A estimulação e a exposição precoce ao erotismo leva a criança a passar pela latência sem elaboração e organização. Na prática clínica, especialmente, temos visto conseqüências negativas dessa inadequação dos programas oferecidos às crianças.” Relatório do Núcleo de Estudos Psicológicos – Unicamp – 1993
Os programas infantis, que freqüentemente mostram dançarinas seminuas, apresentadoras sensuais, entrevistas maliciosas e piadas picantes, geralmente relacionadas à sexo, induzem as crianças à imitação e terem um comportamento semelhante. “…É preciso também ficar atento quando sua filha começa a se identificar com Xuxa, Angélica ou outros ídolos criados pela televisão…A menina que traça esse tipo de programa como padrão de comportamento está desenvolvendo um desejo sexual de uma garota de 16 anos. Ela já sabe o que é uma relação sexual ou um beijo na boca. O que os pais têm de fazer é questionar essas fixações e oferecer outros modelos”. (Carlos M.Alvarez, professor e psicanalista que estuda o tema há 8 anos)

PROGRAMAS INFANTIS:
XUXA
A Influência da violência e erotismo na TV:
Quem já ouviu falar em “XOU DA XUXA” ? Ou melhor, quem já quis ser paquita ou até mesmo fazer parte do mundo encantado de Xuxa Meneguel?
Xuxa é apresentadora de programa infantil da rede globo de televisão, a alguns anos. Com suas roupas apertadas e sexy, sempre bem maquiada e usando acessórios com logotipo de sua marca “BIXO COMEU”, que foi febre durante algum tempo. A moça bonita que virou boneca era venerada pelo país, todos queriam ser parecidos com ela.
Será que podemos confiar o nosso futuro a uma pessoa que pratica pedofilia em um filme pornográfico, onde faz sexo com um criança de apenas dez anos. A rainha dos baixinhos como se intitulou Maria da Graça, acredita-se também que fez pacto e passou por um vasto campo satânico. Xuxa também fez filmes pornográficos, um deles com um menino de apenas 10 anos; mas infelizmente essas “pérolas” não podem ser mais encontradas, pois Xuxa pagou ao governo para retirarem suas fitas das locadoras. Esse contrato vai até 2005.
A CRIANÇA E A VIOLÊNCIA DOS DESENHOS ANIMADOS
A televisão exerce um papel importante na formação dos primeiros conceitos sobre a realidade e solidificação de valores da criança. O desenho animado, por sua vez, é o gênero preferido do publico infantil determinando, portanto, grande tempo de exposição a este tipo de programação.
Temos por objetivo analisar a influencia da violência dos desenhos no cotidiano infantil verificando seu modo de recepção por parte desse publico.
OS DESENHOS (MUITO) ANIMADOS:
Nunca os Desenhos Animados ocuparam tanto o tempo e as mentes das crianças e dos adolescentes, quanto nestes últimos anos.
Listaremos a seguir os principais desenhos, de acordo com sua influência no subconsciente, fato que leva os pequenos e também os adolescentes ao consumo desenfreado, ao vício, e por que não, à violência?
CAVERNA DO DRAGÃO
Um dos desenhos de maior sucesso da TV brasileira. O desenho na verdade nasceu de um jogo de RPG, “Dungeons & Dragons”.
O FINAL DE “CAVERNA DO DRAGÃO” [EXTRAÍDO DA REVISTA HERÓI 2000] – Mestre dos magos é o Demo A história é tão sinistra que é difícil não se surpreender. Segundo o boato, o dragão Tiamat seria na verdade um anjo, enviado para dizer que os garotos nunca conseguiriam retornar ao seu mundo… porque eles estavam mortos! Após um acidente fatal na montanha-russa, Hank e seus amigos morreram e foram destinados a permanecer para sempre no inferno. Lá eles estariam sendo vítimas das maldades do Demônio, que aparecia ora na forma de Vingador, ora na forma de Mestre dos Magos. Para auxiliar seu trabalho, o Coisa-ruim tinha a ajuda de Uni, que sempre impedia as crianças de retornar para a Terra.
DRAGON BALL
Animação japonesa, com muita pancadaria e esquisitices, cuja temática são as Artes Marciais, já virou febre, não só entre as crianças, mas também entre os adolescentes.O desenho é o mais assistido atualmente da TV paga (Cartoon Network), com audiência média de 9 pontos (lembrando que cada ponto, equivale a 80 mil telespectadores). O desenho estreou no Japão (pra variar…) em 1986 e levou 10 anos para desenrolar-se em três fases: – Dragon Ball, Dragon Balll Z e Dragon Ball GT. O desenho, que também faz sucesso na TV aberta, em sua trama mirabolante, mistura alienígenas, dragões e uma dose de simbologia ocultista. O personagem principal é Goku, um garoto que sai pelo mundo em busca de 7 esferas de cristal que, quando juntas, invocam um dragão (Shen-lon) que satisfará seus desejos. A história tem também um Mestre (este não podia faltar) que o fará um grande lutador, de quebra, um demônio chamado Piccolo. A febre também atingiu as histórias em quadrinhos e, 130 mil revistas já são vendidas mensalmente, sem falar, é claro, dos games, brinquedos e outras quinquilharias com o personagem. Pode-se observar também, a inserção subliminar do número 666, também conhecido como ‘número da besta’, na porta do carro do personagem Mr. Satã. E quando Mr. Satã “salva” o mundo da ameaça de Majin Boo, todos na terra gritam SATÃ durante muitos minutos, como se estivessem invocando a Besta.
POKÉMON
Criados pelo japonês Satoshi Tajiri, que,quando pequeno, além de criar insetos, tinha uma fixação:ser entomologista. Com seus sonhos frustrados devido à ocupação imobiliária de seu país, no final da década de 70 com a construção de grandes shoppings nas áreas de agricultura do arroz, Tajiri, criou os Pokémons na forma de lagartas, traças e caranguejos, espalhados por bosques e rios virtuais. Com a ajuda de um amigo, Pockémon virou um game em 1996, quando o projeto foi comprado pela Nintendo.(Revista Época-27/12/99). Dado o sucesso do jogo, logo se transformou em Desenho Animado e, em seguida, filme, ou melhor “O Filme” que, até o início de dezembro de 99, ou seja, com poucos meses de lançamento, já havia arrecadado US$ 80 milhões. Quanto às suas influências, visite as seções “Nos Games” e “Pokemon”.
YU-GI-OH!

Baseado em uma seita satânica, é uma febre mundial que se iniciou no Japão, e logo tomou o mundo, chegando com força total no Brasil, onde os animes já são quase tão cultuados quanto na terra-do-sol-nascente! A palavra que significa “rei do jogo” em japonês, começou como um mangá em 1996, e com o rápido sucesso, logo se transformou em Card Game (jogo de cartas), parecido com RPG e jogo para video games. Em 2000 surgiu a série em anime, sucesso de audiência absoluta em vários países do mundo. Tanto sucesso, só poderia render um longa metragem nos cinemas, a exemplo do que já aconteceu com a série Pokemon. Entre os responsáveis pelo projeto estão a Konami, 4Kids Entertaiment e Warner. A história de Yo-Gi-Oh, se baseia em um jogo de cartas, muito cultuado entre os adolescentes. Sua lenda começa a 5.000 anos atrás, quando os faraós do antigo Egito participavam de um misterioso jogo que envolvia grande e terrível magia. Tanto poder, eclodiu em uma guerra que ameaçou destruir o mundo inteiro, até que um valente faraó trancou o poder da magia em sete artefatos milenares. Aproveitando-se desta fantástica história, uma empresa nos tempos atuais, criou o famoso jogo de cartas, chamado “Monstros de Duelo”. Um dia, um menino chamado Yugi ganhou do avô, um misterioso quebra-cabeças que ninguém conseguia resolver. Ao resolver o enigma, o objeto que na verdade era um dos artefatos mágicos, passou a transformar o tímido Yugi em Yami Yugi (Yugi das Sombras), um forte e corajoso jogador de Monstros de Duelo. Em YO-GI-OH! – O FILME, um velho monstro enterrado nas profundezas das areias do Egito, despertou. Anúbis, que tinha sido derrotado pelo alter ego de Yugi – o Faraó – retornou para se vingar de Yugi e dominar o mundo! Agora Yugi e seus amigos tentarão derrotar seu inimigo mais poderoso, antes que o planeta desapareça nas areias do tempo.
A MÁ INFLUÊNCIA DOS JOGOS VIRTUAIS/VIDEO GAMES
• Condicionamento de atitudes e movimentos;
• Impossibilidade de distinguir o mundo virtual da realidade;
• Adquirir atitudes favoráveis ao uso da violência;
• Presumir que os outros também tem tais atitudes;
• Insensibilidade;
JOGOS QUE SÃO FEBRE ENTRE AS CRIANÇAS
• YU-GI-HO (Captura de almas);
• RPG ( Jogo de interpretação de personagem)
CASOS REAIS DE HOMICIDIOS
• Aline Silveira Soares;
• Foi encontrada nua e degolada:
• Indícios mostram que a garota estava jogando RPG;
INFLUÊNCIA POSITIVA DOS JOGOS VIRTUAIS
• Mobiliza esquemas mentais;
• Integra várias dimensões da personalidade;
• Favorece a aquisição de condutas cognitivas e desenvolvimentos de habilidade;
O JOGO VIRTUAL NO PROCESSO DE ENSINO
• Devem ser levados em conta:
• Conteúdo;
• Objetivos indiretos;
• Realizar previamente uma avaliação;

ACIDENTES E CRIMES INFLUENCIADOS PELOS FILMES/VÍDEOS.
Na tarde do dia 16/dez/97, quase 12 mil crianças japonesas foram afetadas pelas cenas de Pokémon, desenho animado que nasceu de um mini-game, virou desenho animado e depois filme no cinema. Do total das pessoas afetadas pelo desenho Pokémon, que é uma junção das abreviatura de Pocket (bolso) e Mon (monster=monstro), 700 precisaram ser internadas em hospitais locais no Japão. Elas foram vítimas de ataques de um caso raro de epilepsia, chamado de Epilepsia Fotossensível provocados pela explosão de flashes coloridos, em golpes luminosos desferidos contra Pikachu e seus colegas. O bombardeio de luzes teria provocado esta espécie de ataque epilético. Este fato fez com que Pokémon fosse tirado do ar durante quatro meses. (Revista Época-27/12/99) Leia mais a respeito desta causa, em “Pokemon”.
Ainda sobre os ‘Pokémon’: Quatro alunos de segundo grau foram presos na Filadélfia, por atacar outros estudantes a fim de furtar cartões com exemplares de Pokémon. Um estudante de 14 anos, foi esfaqueado em Quebec, no Canadá, em uma briga também pelos cartões. Na Carolina do Sul, um menino foi acusado de quebrar uma vitrine para roubar cartões no valor de 250 dólares. (Revista Educação). Este desenho foi banido da TV na Turquia. O governo tomou esta medida depois que duas crianças morreram depois de se jogarem da varanda dos apartamentos onde moravam. Elas teriam feito isso influenciadas pelos superpoderes dos personagens dos desenhos.
O estudante Vitor Alexandre dos Santos, 21 anos, matou em dez/98, a avó, o tio, a tia e a mãe para cumprir uma missão designada por ‘vozes do além’. Os crimes ocorreram em Mirandópolis (SP) onde morava, e suas relações com “Spawn, o Soldado do Inferno” são muito evidentes. A forma como ele agia lembra o personagem do filme, do qual o estudante anotou um trecho do texto, que depois foi encontrado pela polícia. Spawn estrangulava as vítimas com as mãos . A exumação dos corpos revelou que Vitor quebrou o hióide – osso do pescoço – dos parentes, conforme constatado pela perícia. (Folha de S.Paulo-16/12/98).
Em maio de 99, em Denver, Colorado (EUA), dois jovens abriram fogo contra dezenas de colegas na escola. Tinham idéias nazistas, fabricavam bombas através da Internet, eram viciados no jogo ‘Doom’, e é muito provável que tenham se inspirado no filme ‘Diário de um Adolescente’ estrelado por Leonardo de Caprio, que interpreta um jovem drogado de N.York, que jogava basquete nos anos 60. Num de seus delírios, imagina-se na sala de aula de sua escola, vestido com uma capa preta e matando todos ao seu redor. Coincidência ? (Fonte:Vários jornais, revistas e noticiários de TV-Maio/99).
Em fev/00, o país assistiu chocado a uma cena brutal. O menino D.J.G, de 9 anos, deu 40 facadas nas costas de sua amiga M.D.N., de 7 anos, enquanto assistia a um programa de TV. O menino disse à polícia que agiu inspirado no filme “Brinquedo Assassino”, que havia visto na televisão uma semana antes. No filme, o boneco Chucky ‘incorpora’ o espírito de um criminoso e passa a matar as pessoas. Trata-se de uma produção americana de 1988 que fez tanto sucesso que teve mais duas continuações, uma delas a ‘Noiva de Chucky’. A menina só não morreu porque a faca utilizada era dentilhada, o que dificulta a penetração da mesma no corpo. (Jornal da Tarde-10/fev/00, Revista Educação mar/00).
Os Power Rangers foram proibidos no Canadá . A Corte Suprema chegou a conclusão que a maioria dos crimes na adolescência era devido a influência deles. Foram criados por uma seita satânica no Japão – Iokamura em 1972. Um garoto estava brincando no Panamá, com os P.Rangers das 8 as 12 h, quando caiu e começou a retorcer-se. Levantou-se, pegou uma faca e tentou matar o irmão de 2 meses e dizia “No Risen to live” – Não há razão para viver.; conforme a tradução que vai para o Panamá. Crianças no Panamá estão se suicidando por causa dos Power Rangers.(Dr.Josue Yrion -USA-97).
A mídia se apresenta à criança corrompendo seus mais sutis sentimentos, seduzindo seus mais sensíveis desejos, penetrando no seu imaginário em formação.
Fala-se da televisão, critica-se, condena-se, assiste-se a televisão! Não dá para demonizar a televisão, queiramos ou não, somos cidadãos televisivos. A imensa quantidade de pesquisas sobre televisão, mostram que ainda existe reserva de senso crítico nas pessoas.
Mas ela não é o único meio de comunicação com o qual a criança mantém os seus primeiros contatos quando ingressa em nosso mundo, ela também encontra o rádio.

SEDUÇÃO DOS CONTOS DE FADAS
Antes de interpretar um som , uma fala pode parecer música para uma criança. O som cientificamente trabalhado, se travesti foneticamente de criança e provoca o sentimento infantil, conduzindo-o para os caminhos que melhor lhe interessem. A reação da criança aos timbres que seu ouvido pode suportar, a faz associar a melodia da fala suave e doce, ao que é bom, gostoso e adorável, aquilo lhe soa gostoso. Aquilo é “bom”. Consegue-se manipular os sons para corromper as idéias, direcionar os sentidos e conduzir as sensações do ser. Pelos ouvidos inocentes de uma criança, a mídia falada conduz a imaginação e o sonho, o comportamento e a ação.
Quem já ouviu falar em uma menininha branquinha que foi morar com sete anões? Isso mesmo Branca de Neve.

Branca de Neve é um conto secular. Existem versões diferentes deste conto , mas comentaremos aqui apenas a mais conhecida de todas elas. Estórias de fadas ensinam pelo método indireto. Mas os contos de fadas sempre se iniciam quando o personagem principal está dentro de um impasse.”Quando a posição da criança-personagem principal dentro da família torna-se problemática para ela ou para os pais, ela começa o processo de luta para escapar da existência triádica.Com isto penetra no caminho desesperadamente solitário de buscar-se a si mesma.É uma luta na qual os outros servem principalmente de elementos que facilitam ou impedem este processo.Esta versão tem a assinatura dos Irmãos Grimm. A rainha, mãe de Branca De Neve estava bordando junto a uma janela e olhando para a neve que caía lá fora, quando picou o dedo com a agulha e caíram três gotas de sangue. na neve.O vermelho ficou tão lindo sobre a neve branca que ela pensou-Quisera uma filha branca como a neve, rosada como o sangue, e de cabelos negros como a madeira de ébano desta janela.-E nasceu -lhe uma linda menina que satisfazia todo este seu desejo, a rainha deu-lhe o nome de Branca De Neve e depois morreu.Passado um ano o rei se casou novamente. Já no início da estória surgem problemas irresolvidos.A brancura da inocência pura como a neve, acompanhada do desejo sexual, simbolizado pelo sangue vermelho.Nesta fase este conto induz a criança a aceitar algo de muito perturbador, também- o sangramento sexual na menstruação e o do hímen rompido, na relação sexual.O numero três é o número mais associado no inconsciente , ao sexo e são exatamente três gotas de sangue que se encontram no início do conto preludiando a concepção da heroína, como se fosse uma condição para o acontecimento tão feliz.A criança aprende que ninguém , nem mesmo ela, poderia nascer sem sangramento. A madrasta só irá fazer a sua aparição sinistra e ciumenta, depois que Branca De Neve completar sete anos.Até aí, supõe-se que houve um período de felicidade. Branca De Neve começa a amadurecer e a sua madrasta torna-se ciumenta, narcisista e insegura e passa a consultar o espelho mágico para saber se a beleza da enteada está eclipsando a sua própria beleza. Os pais narcisistas são uma ameaça para os seus filhos, pois eles lhe dizem que estão envelhecendo, quando começam a crescer e a se tornarem independentes, tornam-se, em verdadeira ameaça, a exemplo do que aconteceu com Branca De Neve.
A sonoridade tem como finalidade auxiliar seu desenvolvimento intelectual, motor e social. Também ajuda a combater a agressividade, pois canaliza o excesso de energia; ajuda a enfrentar o isolacionismo; desenvolve o espírito de iniciativa e funciona como higiene mental.
Ao contar uma história para a criança deve-se utilizar vários meios, pois contar histórias é uma arte, é ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declamação ou teatro.Tendo em vista um trabalho consciente e pedagogicamente correto com os multimeios.

CADE O ESPAÇO DA CRIANÇA?
A IPA (Associação Internacional pelo Direito da Criança Brincar – Capítulo Brasileiro), coloca dentre as suas mais profundas preocupações, um conjunto de tendências alarmantes e o seu impacto negativo no desenvolvimento das crianças, dentre as quais destaco:
• A indiferença da sociedade com o direito da criança brincar.
• O planejamento ambiental inadequado, patente na proporção desumanizada das construções, formas de habitação impróprias e má gestão do tráfego.
• A crescente exploração comercial das crianças através dos meios de comunicação e de produção em série que conduzem a uma deterioração dos valores morais e tradições culturais.
• A preparação inadequada das crianças para enfrentarem com êxito uma sociedade em constante mudanças.
Os nossos espaços urbanos já não nos permite o exercício lúdico do brincar, é que a casa do bairro afastado foi substituída pêlos apartamentos das zonas centrais, onde as crianças foram confinadas, nada lhes restando, a não ser a “babá eletrônica”. Nas zonas centrais, o brinquedo de rua acabou; não existem mais árvores e nem praças onde as crianças possam brincar; tudo foi ocupado pôr edifícios e vias expressas. É o progresso! Não é de admirar que, apenas na televisão, as crianças possam se encontrar com animais, acidentes geográficos e as mais variadas surpresas. O que resta é o sonho (…), a fantasia (…). (Elza Dias Pacheco em Comunicação Educação e Arte na Cultura Infanto-Juvenil – Edições Loyola).

É QUESTÃO DE ESCOLHA.
Devemos proporcionar a criança o tempo, espaço e recursos adequados para que possa escolher e desenvolver interesses individuais e de grupo. Encorajar cada vez mais, maior número de pessoas de diversas formações e níveis etários a ocuparem-se das crianças.
Se deteriorou absurdamente e de forma deliberada o imaginário das crianças tentando-se destruir suas mais primorosas e gratuitas fontes de inspirações, mas, criança é vida, é magia, é fé e é energia, e estará sempre a nos surpreender a todo instante, pois, enquanto vida ela nos surpreende.
Para compensarmos poderemos oferecer-lhes contos de fadas como Pinoquio entre tantos outros que nos dá uma experiência maravilhosa de vida e desenhos animados como Sherek, que faz parte de uma minoria com ótimo conteúdo. Sem grande apologias.
PINÓQUIO COMPLETA 120 ANOS!

¨Um nariz que não pára de crescer¨
(sobre Pinóquio de Carlo Collodi),
por Esther P. S. Rosado.
Pinóquio foi publicado sob a forma de folhetins infantis (15 capítulos) entre 1881-1883 e em livro naquele mesmo ano . Trata-se de uma fábula e hoje pertence à literatura universal e às crianças de todo mundo.
Quando criança, após ler o livro, Esther descobriu que:
• no mundo há solitários como Gepeto;
• Fadas do bem ouvem nossos pedidos;
• existem malandros e desonestos de toda sorte no mundo.
Comenta ainda ¨Foi preciso que anos e anos se passassem para que eu pudesse ter transformado nestas palavras o que gostaria de ter dito há muito tempo: a solidão de Gepeto ainda me impressiona e faz pensar. Quando Mestre Cereja presenteia o amigo com o pedaço de madeira que daria origem ao boneco é o mágico momento da generosidade que ali começara a se instalar diante dos meus olhos. Como eu havia aprendido recentemente que Deus criara o homem do barro e soprara nas suas narinas para lhe dar a vida, fiz lá por dentro de mim as aproximações que cabia a uma menina: nós somos criadores da vida quando bem o queremos, sejamos nós Deus ou Gepeto. E quando apareceu a Fada Azul com sua varinha de condão, juro que jamais li que o boneco não pudesse mentir, porque crianças mentem para construir o mundo mágico que sempre lhes falta… Meninos são todos pinóquios… Li a mentira como omissão, o que põe distância entre duas coisas. O nariz do boneco crescia não quando ele mentia propriamente, mas quando omitia algo integral ou parcialmente. E até hoje penso nisso. E ainda acho que tenho razão… Se eu pudesse escrever uma carta a um escritor pelo que me ofereceu na infância, certamente escreveria hoje, cheia de gratidão a Carlos Collodi. Por Pinóquio. Pela Vida.¨
HISTÓRIA ATUAL
SHREK 2

O ogro da Dream Works, responsável por fazer o maior barulho nas bilheterias da animação de 2001, volta em grande estilo, trazendo o mesmo elenco da versão original.
A história original, que tinha como principal argumento tirar sarro de contos de fadas e também cenas de filmes marcantes, agora vai bagunçar com nada menos do que a própria Hollywood:¨Far, Far, Away¨, o reino dos pais da princesa Fiona, é uma sátira visual da maior cidade cinematográfica do mundo. É claro que não vão faltar tiradas clássicas dos contos de fadas, e novos personagens como ¨o príncipe encantado¨, ¨o gato de botas¨ e a ¨fada madrinha¨ comprovam isso.
A história começa no mesmo ponto onde terminou a primeira, com o casal de ogros voltando da lua-de-mel e recebendo o convite para conhecer os pais de Fiona. Só que ninguém no reino imagina o que aconteceu com a princesa, depois que ela foi capturada pelo dragão. O vídeo que mostra a cena do casal de ogros chegando ao reino é hilário. A primeira versão de Shrek, depois de receber uma indicação à Palma de Ouro em Cannes, colecionou prêmios, inclusive o primeiro Oscar dedicado a uma animação da história.
Devemos considerar como ideal e boa, uma educação que usa diversos meios. Cada meio ativa, nas crianças, alguns mecanismos perceptivos e mentais, compensando os déficits derivados da aprendizagem com outros meios expressivos. Além disso, a abordagem de uma mesma realidade a partir de perspectivas diferentes e complementares enriquece o processo de aprendizagem. Fazendo uso dos mais modestos meios até os mais elaborados, com todos os tipos de linguagem da falada e escrita até as imagens e sons. Obtendo assim vantagens suplementares.

QUANTO CUSTA OS MELHORES MOMENTOS DA VIDA?
“Ursinhos para os solitários”
“A chave do estilo de vida ocidental é clara: CONSUMIR! Consumir para ser popular, consumir para ter mais que o vizinho, consumir para esquecer os problemas, consumir para ser feliz. Lamentavelmente, nosso planeta não está preparado para suportar este tipo de comportamento. Nossa inocente saída às compras aos sábados é um dos principais motivos dos problemas de que estamos falando neste livro – aquecimento global, chuva ácida, lixo… Não adianta muito aliviarmos nossa consciência reciclando ou comprando uma caixa de sabão em pó biodegradável. Precisamos parar de adquirir todas as coisas de que não precisamos. Mas isso não é fácil para as crianças de hoje. Elas são atacadas de todas as direções por um exército de monstros de plástico, brinquedos fofos e jogos eletrônicos, vinte e quatro horas por dia, especialmente nos países desenvolvidos, em que as crianças freqüentemente passam a maior parte do seu tempo livre diante da televisão.(grifo nosso). Muitos pais não tem tempo para seus filhos, por isso tentam compensar dando-lhes tudo o que o dinheiro pode comprar. Entretanto, uma montanha de ursinhos de pelúcia não é consolo para uma criança solitária. Os adultos não passam de crianças grandes. Em seus momentos de fraqueza, eles compram ursinhos de pelúcia para si próprios, para secarem as próprias lágrimas. Carros por exemplo, um aparelho estéreo ou uma casa nova. Mais coisas! Serão eles tão fracos a ponto de não se incomodar que seus novos brinquedos estejam prejudicando o meio ambiente? Enquanto brincam estão destruindo nosso futuro.”
Mas não podemos esquecer que as mais necessárias e melhores coisas da vida são gratuitas. Quando olhamos para trás, podemos observar que os melhores momentos de nossas vidas não foram proporcionados por coisas compradas.
“Deveríamos agir mais como seres humanos e não como haveres humanos…”(Fred Matser, Harmony Health Centre, Holanda, em agenda 21…)

BIBLIOGRAFIA:
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fadas, ed Paz e Terra.
Pátio, ano VIII, n°32, novembro de 2004, p. 58 (Arte na Escola).
Educação, n°91, novembro de 2004, p. 42 (Xuxa e seu império)
Pinóquio. esther@navedapalavra.com.br
www.pailegal.net
www.subliminar.com.br
Autor: Amanda da Costa Carvalho

Tecnologia no Ensino Fundamental

Tecnologia no Ensino Fundamental
INTRODUÇÃO

A mudança pode ser inevitável, mas nem toda mudança significa progresso. Às vezes a mudança conduz somente a um modo diferente de fazer a mesma coisa. Se a mudança no ensino não produz melhores resultados, à redução dos custos por unidade ou a outros benefícios educacionais essenciais, talvez seja o caso de retrabalhá-la ou abandona-la. Não abandonemos, no entanto, uma idéia promissora até que tenhamos verificado plenamente suas possibilidades. Os resultaods de qualquer programa devem ser avaliados à luz de medidas adequadas e de identificação das causas do seu malogro, ou do seu êxito.
TECNOLOGIA NA INFÂNCIA
Ainda embrulhadas em fraldas, sem saber ler nem escrever, muitas crianças hoje dominam o mouse com a mesma destreza com que brincam de chocalho. O contato com a tecnologia começa cada vez mais cedo – para constrangimento geral dos pais, muitas vezes obrigados a tomar lições com seus filhos para não fazer feio no escritório.
Nas escolas particulares, onde os PCs são mais comuns do que no ensino público brasileiro, as aulas de computação atendem a uma galera no mínimo precoce. Algumas delas vêm do maternal, com três ou quatro anos de idade. Cedo demais para mexer no computador? Depende. Há especialistas que garantem: quanto mais cedo uma criança dominar a tecnologia que lhe vai servir no futuro, melhor. Outros são mais reticentes e acham fundamental esperar até que a garotada viva outras experiências antes de dedicar-se à informática. Na lista de atividades essenciais para uma infância sadia estão as brincadeiras de roda, o contato com amigos e, claro, as raladas no joelho.
Mexer no computador não é uma atividade danosa em si. Longe disso. Bem utilizado, ele pode ser um tremendo aliado no ensino, ajudando nas lições de casa e tornando mais suportáveis as tardes chuvosas dentro de casa. Há programas específicos para que a criançada desenvolva a coordenação motora fina, a percepção de cores, as formas e ainda estimule o raciocínio lógico. Assim como a televisão, porém, o computador exige limites rigorosos. Não deve ser usado por longos períodos, sob o risco de amplificar a ansiedade infantil. É preciso haver um equilíbrio entre as atividades do dia-a-dia e os momentos de brincadeira online.
TECNOLOGIA DA EDUCAÇÃO
O renascimento tecnológico vem sendo caracterizado como conjunto de pesquisas, descobertas, inovações e aperfeiçoamentos das derradeiras décadas deste milênio. A força fundamental que impulsiona esse renascimento é a inteligência, traduzida pelo surgimento e uso de instrumentos científicos e tecnológicos.
Em pouco mais de cinqüenta anos, a indústria de computação cresceu no mundo inteiro e o uso desta nova tecnologia generalizou-se a praticamente todos os tipos de atividades humanas, juntamente com desenvolvimentos associadas, como a CIM (Computer Integrated Manufacture), a róbatica, a realidade virtual, a Internet.
Não há dúvidas de que a Internet constitui uma das mais notáveis conquistas tecnológicas desta Renascença às vésperas do Terceiro Milênio. No começo foi modesto e ocorreu em fins dos anos 60, com a Aparnet, tida como a “mãe da Internet” e criada como uma experiência do governo dos EUA em redes com comutação de pacotes.
No Brasil a Internet ganhou força nos contextos acadêmico e de pesquisas, a partir de 1990 – 1992, com a criação e a implantação da RNP (Rede Nacional de Pesquisa), abrangendo as principais universidades e organizações governamentais, não governamentais (ONGs) e de pesquisas (Villas e Campos 1994).
A presença da Internet nas escolas vem se tornando cada vez mais significativas, facilitando a aprendizagem. Os estudantes com acesso a Internet superam os colegas que não tem o acesso. Tendo maior compreensão de um tópico e mais competência em manipular informações.
No mundo em que hoje vivemos se o acesso a informática for dificultado, cortado ou se as informações forem acanhadas, distorcidas, trivialidades e chavões as tomadas de decisão e a solução de problemas serão inevitável e irreparavelmente atingidas.
A tecnologia educacional abrange três aspectos básicos: recursos destinados à aprendizagem, funções de gestão educacional e funções de desenvolvimento educacional. Cada um desses três componentes é apresentado numa matriz bidimensional que, no plano horizontal indica o propósito, o resultado e a atividade correspondente.
Hoje em dia a tecnologia da educação pode assumir a forma de aprendizagem – ensino altamente individualizada ou, na modalidade de educação a distância, alcançar centenas, milhares ou milhões de pessoas ao mesmo tempo, graças à utilização de meios como rádio, as gravações sonoras em discos e fitas, a televisão, os videoteipes, o telefone, os cursos por correspondência, e, mais recentemente, o computador, o CD – Rom e o videodisco. Que isso ocorra no âmbito restrito do lar, de uma sala de aula ou num circuito fechado de televisão capaz de alcançar numerosas salas de aula ao mesmo tempo, que isso atinja toda uma região ou todo um país, trata-se de tecnologia a serviço de objetivos de ensino – aprendizagem num sentido estrito ou, numa compreensão mais ampla, a serviço de propósitos educativos ou formativos mais gerais.
PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO DE MATERIAIS E SISTEMA DE ENSINO
O planejamento e a produção de materiais e sistema de ensino sofreram profundas mudanças nas últimas quatro décadas.
Tanto nas áreas de materiais impressos como nas da televisão, rádio e informática educativa, ocorreu um refinamento inegável nos procedimentos de produção de materiais para fins de ensino, que gerou nova linguagem, novos esquemas de trabalho, novas concepções, novas técnicas e novos instrumentos de avaliação.
É importante reconhecer, nesse contexto, que em nosso meio fala-se muito mais do que se faz. Tem-se a impressão de que a cada ano surge apenas um tecnólogo de educação realmente versado e envolvido em problemas concretos de produção de materiais de ensino para cada dúzia ou mais de tecnólogos de gabinetes e poltrona, que desconhecem as agruras da criação efetiva de materiais didáticos, embora estejam sempre dispostos a pontificar sobre o assunto, a criticar, avaliar, deturpar de denegrir todo e qualquer esforço sincero, honesto e bem fundamentado de produção no âmbito da mídia educativa.
A BIBLIOTECA COMO CENTRO DE APRENDIZAGEM
Além dos livros, revistas e outras publicações que, presentemente, demandam recursos incomparavelmente mais generosos nas dotações orçamentarias das escolas, em virtude de sua contínua expansão, as bibliotecas, nas modernas escolas de numerosos países, também abrigam hoje microformas, cassetes, filmes, discos, disquetes, videodiscos e outros materiais, assim como equipamentos destinados à reprodução e ao uso da mídia educativa.
As modernas bibliotecas universitárias estão capacitadas para proporcionar qualquer tipo de serviço de informação em qualquer uma das formas disponíveis numa sociedade tecnológica.
Os extraordinários progressos recentes em matéria de produção, registro e distribuição de informação por meios tecnológicos não – convencionais não dispensam a contínua expansão dos acervos de materiais impressos e audiovisuais nas bibliotecas das instituições de ensino.
OS NOVOS DESAFIOS EDUCACIONAIS
Inúmeros recursos e procedimentos inovadores que direta ou indiretamente interessam o ensino e à aprendizagem vêm sendo desenvolvidos na atualidade ou começam a participar da mídia educativa à disposição de estudantes e professores, no mundo inteiro.
A preocupação individual existente entre os estudantes, se reflete em recente empenhos bem sucedidos de proporcionar ensino individualizado ou personalizado, no qual uma vasta gama de meios e materiais de ensino – aprendizagem se mescla com concepções mais abertas e avançadas de currículos e programas, de novos tipos de experiência para aprender e desenvolver habilidades intelectuais (pensar de modo crítico, resolver problemas, tomar decisões, ser criativo e outras) e novas concepções a respeito de avaliação do aluno e do ensino.
EDUCAÇÃO
A educação no Brasil melhorou significativamente nos últimos cinco anos, em larga medida. Pela primeira vez na história da educação brasileira, o Ministério da Educação definiu parâmetros nacionais para a educação infantil e para os ensinos fundamental e médio, incluindo a educação indígena.
A tecnologia também está presente nas reformas educacionais. A TV Escola é um programa voltado para a educação à distância, e beneficia cerca de um milhão de professores e 28 milhões de alunos. As escolas ganham televisão, videocassete, fitas educacionais, antena parabólica e, conectadas a um canal exclusivo via satélite, recebem uma programação de alta qualidade.
O Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO) capacita professores de escolas públicas, que aprendem a usar o computador como instrumento de ensino em sala de aula. O Governo Federal, em parceria com estados e municípios, já montou a infra-estrutura de capacitação em 223 Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE) em todas as unidades da Federação. Assim, beneficiou 2.276 escolas do ensino básico em 989 municípios, com mais de 30 mil micros e outros equipamentos de informática.
A implementação do Projeto Pedagógico de Informática Educacional no Ensino Fundamental e Médio é uma tarefa árdua e complexa, porém inadiável, face à realidade do mercado mundial.
SALA DE AULA DO FUTURO PARA ENSINO FUNDAMENTAL
No mundo atual, a informática já faz parte do cotidiano de nossos alunos. Com efeito, a tecnologia está presente nos brinquedos, nas agências bancárias, na TV , no cinema e nos computadores domésticos, levando lazer, serviços, entretenimento e educação. Assim, enquanto usam o computador em seu dia-a-dia, as crianças têm a chance de entrar no mundo da fantasia, superando de forma lúdica as dificuldades de aprendizado dos conceitos de ciências, matemática, física, história etc. Por outro lado, o uso das novas tecnologias permite aos educadores adotarem atitudes não diretivas, aumentando a capacidade criativa dos alunos, tendo em vista que estes passam a caminhar de acordo com sua capacidade de assimilação, escolhendo situações de aprendizagem não delimitadas pelo educador.
A Escola do Futuro propõe a Sala de Aula do Futuro para o Ensino Fundamental. Nesta, os alunos podem circular livremente, escolhendo situações de aprendizagem onde bancadas de computadores, vídeo e eletrodomésticos se encontram à disposição de todos. Desta forma, através de “workshops” e seminários, os educadores têm a oportunidade de explorar metodologias para o uso adequado das possibilidades da Sala de Aula do Futuro para o Ensino Fundamental.
Informatização, sim, mas sem deixar de lado o professor
Informatizar não significa apenas colocar computadores nas escolas. É preciso que haja programas adequados ao ensino e, sobretudo, que os professores sejam capazes de usar a tecnologia em favor do aprendizado. É o que defende o secretário-adjunto da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, Hubert Alquéres. Nesta entrevista, ele fala sobre os programas de informática das escolas públicas de São Paulo, um dos primeiros estados a adotar políticas desse tipo no país.
Quando pisou na Secretaria da Educação, em 1995, o professor Hubert Alquéres teve a confirmação do que já desconfiava: não havia sequer projetos de informatização para as escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio. “Não existia a convicção política de que isso era importante.” Segundo Alquéres, o governo investiu cerca de 40 milhões de reais por ano na área e, hoje, 3.400 das 6.000 escolas estaduais paulistas têm laboratórios de informática.
Ao contrário do que se possa pensar, porém, a primeira medida da secretaria, ao começar a informatização da rede pública, não foi colocar computadores nas escolas, mas sim capacitar os professores para lidar com as novas tecnologias. “O professor é fundamental em todo o processo”, avalia Alquéres. Depois, escolheram os programas (softwares) que iriam ser usados e só então iniciaram a compra dos equipamentos.
“A informática tem de ser usada a favor do aprendizado”, afirma. “O professor não vai ensinar a usar o Word ou o Excel, mas sim explorar o computador como um recurso a mais em suas aulas.” A mesma discussão ocorre hoje, quando o governo avalia a utilização da Internet na rede pública.
O problema é que, durante anos, muitos professores não podiam sequer ouvir falar em informatização do ensino. “Mas hoje isso está mudado e há poucos focos de resistência”, diz Alquéres. “O professor tem de se conscientizar de que precisa se atualizar ou vai perder espaço para aqueles que já dominam as novas tecnologias.” Afinal, “o processo de informatização está consolidado e não vai voltar atrás”. Mas, segundo ele, para garantir sua continuidade, é preciso investir mais, “sobretudo nos professores”, defende.
Bibliografia
http://www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/6anos8.htm
http://www.futuro.usp.br/ef/curs/c_sala.htm
http://www.educacional.com.br
http://www.terra.com.br/istoe/digital/educacao.htm
Autor: Claudia Maria Silva Patriarca

REFLEXÕES SOBRE A TELEVISÃO BRASILEIRA

A DESCONSTRUÇÃO DO SER PELA TELEVISÃO
REFLEXÕES SOBRE A TELEVISÃO BRASILEIRA

A DESCONSTRUÇÃO DO SER PELA TELEVISÃO
A linguagem da mídia sempre foi usada como instrumento das classes dominantes, voltada para a alienação das massas. Desde a sua invenção (o primeiro livro impresso por Guttemberg foi a Bíblia), tem sido usada para a manutenção do status quo. Na atualidade, sem dúvida nenhuma, a televisão é a principal ferramenta usada neste sentido. Para que possamos compreender melhor esse poder massificador da TV, temos que conhecer alguns mecanismos utilizados por seus controladores.
Começaremos nossa análise a partir do conteúdo, forma e horário dos programas exibidos. Cada um deles é exatamente preparado de forma a vender o produto mais “desejável” para a classe e faixa etária que tem maiores possibilidades de estar assistindo o tal programa. De manhã, por exemplo, temos a programação voltada para o público infantil, e não é preciso ir muito longe para notar que todos os desenhos animados que fazem sucesso aparecem quase que instantaneamente nas prateleiras das lojas de brinquedos. As crianças são mais fáceis de manipular, pois ainda não possuem a personalidade formada e acabam introjetando as informações transmitidas, associando-as à própria narrativa mostrada. Assim, aquilo que aparece como bom nos desenhos, será bom na vida real, e vice-versa. O formato desses programas é sempre o mesmo: a apresentadora, que é o principal canal de transmissão dos conceitos emitidos, as brincadeiras (menino x menina) e todo o preconceito subliminado nas “atividades” do programa. Desta forma, o produto é vendido como solução aos conflitos internos infantis, às necessidades de amor, proteção e prazer que a criança sofre justamente por ser uma personalidade em formação. O horário da tarde, mais voltado às donas-de-casa e o público adolescente, funciona da mesma maneira, estabelecendo relações de desejo entre aquilo que querem vender e aquilo de que as pessoas têm mais necessidade. O merchandising parece ser o ponto máximo desta relação, mostrando os personagens em situação agradável, felizes e consumindo o produto, passando assim a imagem de felicidade e satisfação associada àquele produto.
Analisemos agora outra característica da TV: a anulação do senso de realidade do indivíduo. Sabemos que o nosso “mundo real” existe a partir daquilo que percebemos, ou seja, da nossa cognição. Desta forma, recebemos e codificamos as informações, aprendendo a lidar com as situações ao nosso redor. Dentro deste nosso sistema de compreensão do mundo, os conceitos de espaçoe tempo são essenciais, pois estabelecem a nossa realidade tal como ela é. Nestes dois conceitos é que a televisão age para deslocar o indivíduo da sua realidade. Em seu próprio formato, a TV já começa com vantagem sobre os outros métodos de aprendizagem, pois trabalha estimulando os dois sentidos mais desenvolvidos do homem: a visão e a audição. Recebemos dela ao mesmo tempo informações visuais e auditivas complementares, selecionando aquilo que nos interessa, de acordo com a nossa realidade psíquica. A televisão age deturpando a noção de espaço e tempo, estabelecendo o estado de alienação do ser.
O mundo real visto pela televisão (noticiários, jornais, documentários) é limitado. Não existe o espaço real. Tudo cabe dentro da tela. As distâncias são eliminadas, e com isso o conceito de espaço dentro do acontecimento também é eliminado. Também é possível notar que não há continuidade. Cada notícia é mostrada como se fosse um fato isolado, sem um elemento causador e sem conseqüências. Desta forma, o espectador deixa de fixar o mundo real dentro de sua existência, absorve as notícias como se fossem atrações de circo, com um interesse efêmero, como se aquilo não fosse atingi-lo. Assim, ao vermos uma enchente em Bangladesh ou um acidente de trem na Índia, não nos comovemos, não sentimos, pois é como se aquilo não existisse, fosse em outro planeta ou fosse ficção. Alienamo-nos, perdemos nossa capacidade de se indignar.
Por outro lado, a ficção (novelas, filmes, séries), é feita de maneira a colocar as situações dentro do princípio de realidade. Há o realismo na vida dos personagens. Na novela, vemos os mais variados tipos sociais, de forma a estabelecer identidade com o maior número possível de espectadores. Dentro desta realidade, os personagens têm e/ou são, também, aquilo que a classe a que representam desejam ter e/ou ser (comércio subjetivo, merchandising). Estas ficções passam-se quase que sempre em localidades onde é fácil estabelecer a localização geo-social. São Paulo, Rio, o Nordeste são os palcos mais comuns, justamente por serem locais de fácil identificação com o povo brasileiro. O tempo nessas novelas seguem quase que fielmente o tempo da realidade. Um capítulo diário quase sempre corresponde a um dia também na vida do personagem. Essa equiparação do tempo ficcional com o tempo real dá a ilusão de que o personagem, em algum lugar (também definido), existe, mesmo quando a novela não está sendo exibida.
Desta maneira, o real é mostrado como ilusão e a ilusão é mostrada como vida real, retirando o indivíduo de sua realidade física e psíquica. E isso acarreta algumas conseqüências, sendo as duas principais a “acomodação” do intelecto e a infantilização. A acomodação surge da facilidade em absorver as informações transmitidas pela TV. Não é necessário e nem estimulado nenhum exercício mental para decodificar as mensagens, aliás, pelo que já vimos, isto é constantemente desestimulado, provocando uma espécie de atrofia das capacidades críticas do indivíduo. A infantilização é a constante satisfação dos desejos dos telespectadores, que, vendo aquilo que querem, consomem e satisfazem-se, acomodando-se com relação à realidade.
Com tudo o que foi exposto aqui, quis auxiliar o leitor a compreender melhor o papel da Televisão dentro da sociedade, examinando o modo como ela é utilizada, visando facilitar o entendimento de todas estas polêmicas que surgem com relação à influência sociológica que este poderoso meio de transmissão traz para a Humanidade.
FONTES DE REFERÊNCIA
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 12ª ed. São Paulo: Ed. Ática, 1999.
POSNER, Michael. Cognição. 1ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Coleção Temas Psicológicos, 1980.

Texto 2:
REFLEXÕES SOBRE A TELEVISÃO BRASILEIRA
“Um dos mais belos exemplos de preconceito explícito contra a televisão é apócrifo. Ele é descrito apenas como um professor PhD em Virginia, que escreveu uma carta a Robert Thompson, professor na Universidade de Siracusa, mais ou menos o seguinte: “A influência da TV em nossa sociedade tem sido uniformemente maligna, e não existe um único problema social com que nos deparemos que não tenha sido causado ou exacerbado pela televisão (…). Acredito que só exista uma cura para a doença social que a televisão causou: abolição. A apreensão e destruição de todos os aparelhos de TV e arquivos de videotape seria um grande passo na estrada de volta para a sanidade do mundo.” (in A Nova Televisão, Nelson Hoineff, Ed. Relume Dumará, Rio, 1996)
Por incrível que pareça, existem muitas pessoas que concordariam com este professor norte-americano, tanto nos Estados Unidos quanto no próprio Brasil. Durante todo o ano passado, foi intensamente debatida a qualidade da programação nacional e internacional dos canais abertos, discussão essa gerada pela não-surpreendente mas desagradável invasão do “horário nobre” por programas de caráter indubitavelmente medíocres, tais como Ratinho e os programas no estilo “Linha Direta”, por exemplo.
Porém esta discussão, como tantas outras no Brasil, parece que não vai render nenhum fruto. Afinal de contas, o quadro que temos é o da própria televisão discutindo e criticando a si mesma, o que não leva a lugar nenhum, notória é a falta de senso crítico que a maioria dos profissionais da mídia possuem.
A ausência de objetividade nesta polêmica é não só evidente como também incentivada pela própria “opinião pública”, pois assim, fica mais difícil perceber que o problema na TV não é a TV, e, sim, quem a faz.
Diversos exemplos em vários países, dentre os quais se destaca a Inglaterra, mostra que a televisão tratada com seriedade pode gerar lucros e ainda exibir programação de qualidade. Mas no Brasil isto é mais difícil. Ao examinarmos o processo histórico de implantação da televisão nacional, entendemos imediatamente que o mal está na raiz.
Precisamos compreender que a televisão, como qualquer outro meio de comunicação, não é mais que um espelho da realidade, o local onde o melhor e o pior da sociedade aparece e tem destaque. Se a programação está no nível medíocre que está, é tanto culpa da “TV” quanto da “audiência”. A televisão reflete exatamente aquilo que o país é: uma total desorganização política e social.
É necessário, talvez por parte da universidade brasileira, um estudo aprofundado das causas, conseqüências e, também de alternativas para que o nível cultural da televisão melhore. Estes grupos de estudo devem estudar desde o processo histórico, sociológico, psicológico e filosófico até as formas de gerar lucro através dos comerciais, de forma a criar a semente de uma nova televisão no Brasil, que irá não apenas ser mais atraente aos olhos e ouvidos, mas também colaborar efetivamente no processo de desenvolvimento social do nosso país.
FONTE DE REFERÊNCIA
HOINEFF, Nelson. A Nova Televisão. 1ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Relume Dumará, 1996

a tv e a educação

RESUMO
Este trabalho foi elaborado a partir de aulas práticas apresentadas em sala de aula, pesquisas bibliográficas, leitura de artigos, etc., tendo como objetivo principal, mostrar a forma como a televisão interfere na nossa vida e dos nossos filhos dentro ou fora de casa, mostrando também a maneira demasiadamente valorizada em que é tratada na atualidade.
INTRODUÇÃO
A televisão foi ganhando espaço até se tornar um meio de comunicação indispensável, fato este verificável. O artigo visa debater sobre as questões a este tema relacionado. Estamos nós críticos o suficiente para não aceitar passivamente tudo que é visto na televisão? Qual o papel da televisão na construção da educação? Quais os benefícios e prejuízos?
DESENVOLVIMENTO
É admirável a potente capacidade de manipulação e massificação presente nos Meios de Comunicação de Massa. Desde os tempos mais remotos a sociedade vem aprendendo a lidar com as novas tecnologias, ícones dos tempos modernos, e delas absorvendo atitudes e ideologias umas coerentes, outras não.
A Indústria Cultural – indústria que transforma informação em mercadoria – é a responsável pela crescente e recente “fábrica” de ideologias padrões, impostas principalmente pela mídia eletrônica e considerada o mais importante agente no atual esfriamento das relações humanas.
Isto posto, é real e perceptível o grande avanço proporcionado por tais tecnologias, como a minorização virtual do mundo e a habitual e invejável comodidade a qual temos acesso, e isso achamos ser a evolução. Estamos sim, nos distanciando cada vez mais das pessoas, nos relacionando cada vez menos, e achando que toda essa “evolução” é maravilhosa e de acordo com Sancho (1998):
As novíssimas tecnologias da informação e a comunicação, com seu poder multiplicador e sua aplicabilidade a todas as tarefas humanas, desde o lar, a indústria e o comércio até a pesquisa e o ensino, passando pelo lazer e a cultura, contribuíram de forma significativa para o avanço de um tipo de pensamento hegemônico. (…) Neste mundo cada vez mais artificial e dominado pelos objetos feitos industrialmente, os indivíduos e os grupos, mais do que desenvolver e utilizar as tecnologias para adaptar o meio às suas necessidades, têm que desenvolver ou adquirir capacidade e habilidades cada vez mais complexas para entender ninimamente seu próprio ambiente. (p.11)
Para muitas pessoas a televisão é um compêndio de todas as suas esperanças: é aquilo que de mais importante ocorre em sua vida ao longo do dia. Como “totem”, a televisão é vestígio do que é sagrado, de quem as tribos modernas esperam todo tipo de benefício. É a nova religião. E isso ocorre porque, recuperando o sentido etimológico do termo, provoca uma re-ligare, ou seja, uma nova forma de ligar o cidadão com o mundo, uma nova forma de relacioná-los com a realidade.
Como nas tribos primitivas, a televisão como “totem” gera uma série de exigências e proibições. Em muitas famílias condiciona tanto a organização do tempo como a do espaço.
Como símbolo de identidade e como gerador de exigências, como meio benfeitor e como gerador de dependências, a televisão como totem provoca uma ambivalência afetiva. Ela é amada e odiada, desejada e desprezada. E tudo isso se manifesta na multiplicidade de expressões com que é conhecida: a escola paralela, a sala de aula sem paredes, a aula eletrônica, a caixa sábia, a caixa tola, a caixa mágica, a babá eletrônica, etc.
Referindo-se diretamente à televisão é correto afirmar que se trata do mais acessível e comum meio de comunicação, capaz de induzir pensamentos, ditar normas, distorcer valores familiares, transgredir a ética e transformar os lares em verdadeiras arenas.
Quando, às vezes, usando o controle remoto e ligando a televisão em um desses canais, o que mais vemos é hipocrisia e briga pelo maior índice de audiência entre as concorrentes. Será que é esse o tipo de programação que a população deseja ou é a única opção, visto que entra em nossa casa sem pedir licença, sem preocupar-se se tem menores vendo aquelas barbaridades?
Como poderíamos nós, simples mortais, interferir nesta guerra de audiência? Como? Usando o ímpeto ou tornarmos ineptos perante tal situação? Afirma Teixeira (1987):
Num contexto social, onde a mãe é levada para fora do lar, por uma real necessidade de contribuir para o orçamento doméstico, ou por outros motivos, que vão desde fatores socioculturais até os de ordem pessoal, geralmente a criança passa grande parte do dia, diante do aparelho de televisão, muitas das vezes induzida pela pessoa responsável que vê no “mágico aparelho” um auxiliar que atrai a criança, enquanto libera para outros afazeres. (p.11)
As grandes programações são colocadas em horários totalmente inadequados, as que aliciam menores sobrepõe todas as outras, ganhando até mesmo de outros meios tecnológicos. A maioria dos programas apresenta combates do bem contra o mal, nos quais crianças guerreiras movidas pela honra daqueles que exibem valor e lealdade, nem sempre são recompensadas geralmente nas tramas. Aqueles que demonstram ganância e egoísmo muitas vezes não são punidos, saindo como verdadeiros heróis.
O mais impressionante nisso tudo é que, apesar da enorme quantidade, a violência que está sendo exibida na televisão na maioria das vezes não é questionada pelos pais. Às vezes, são obrigados a deixar as crianças em casa para trabalhar, e a tendo como o único recurso, apelam para a “babá eletrônica”. A maioria dos pais já está acostumada à violência, pois eles próprios cresceram juntos com ela, em preto-e-branco ou a cores. Segundo Teixeira (1987):
Na atual sociedade de massas em que vivemos o homem está se desconhecendo cada vez mais. A moradia, quase sempre, se concebe simplesmente como um lugar de repouso transitório. Do espaço reservado nela à criança, dos objetos que lhe são familiares, depende em grande parte seu comportamento na primeira idade; o destaque que é dado ao aparelho de televisão, na maioria de nossas habitações, segue a criança de perto, chegando freqüentemente a sua “babá eletrônica”. (p.11).
A programação televisiva é repleta de ação, apesar de poder ser, de fato, considerada benigna ou maligna se comparada aos programas que contêm material que vai de sexo e violência explícitos voltados para adultos até aos entretenimentos adequados para espectadores mais jovens.
A indústria da televisão viveu nos últimos anos uma grande transformação, passando de uns poucos para um sistema de múltiplos canais, embora eles não sejam de modo algum acessíveis a todos. Transformou-se em um sistema muito mais global, muito mais comercial, o que tem conseqüências para as crianças. Ficou ainda mais difícil exigir que sejam produzidos produtos específicos para essa faixa de público afirma Teixeira em seu livro “A criança e a televisão: amigos ou inimigos”?
(1987, p.25).
Segundo os autores Sancho, Teixeira, Fischer, Saviani e Paiva:
Argumenta-se: Bem, as crianças acabam assistindo a programas de adultos do mesmo jeito, porque iriam precisar de programas feitos só para elas? É uma das discussões que precisamos enfrentar. Outro problema é o fato de que as crianças foram descobertas enquanto um grande mercado em potencial. E a televisão, principalmente, busca atingir comercialmente esse mercado. A questão é: quais são os direitos das crianças nesse contexto? Tudo parece ser visto em termos da exploração de crianças vulneráveis – o que até pode ser uma forma muito dramática de referir-me à questão, mas de fato o problema é sério. Quando referimos em direitos, pensamos no que é que as crianças e jovens têm direito de ver na TV?
Diz Fischer (2001):
Quando o estudo da televisão se torna uma prática freqüente no espaço escolar – em qualquer nível -, é possível que professores e alunos se dêem conta de como assumem relevância certos temas na sociedade, na medida em que se tornem públicos, debatidos nesse espaço amplo da televisão. (…) Havendo um trabalho sistemático de estudos dos materiais da mídia, é bem provável que outras temáticas sejam apontadas; e dependerá muito do professor, de sua sensibilidade, aproveitar essas descobertas e transformá-las numa fonte inesgotável de formação dos mais jovens: formação em relação ao senso e ao gosto estético, ao debate político, ao debate e à expressão de idéias, opiniões e posicionamentos éticos, e assim por diante. (p.101)
Também, é possível fazermos à análise do que está sendo mostrado ao público jovem, tanto em termos da grade de programação quanto em termos da qualidade dos programas. É o caso do Brasil em que a questão tem a ver com a distância entre pobres e ricos: ricos em tecnologia e pobres em tecnologia. Só uma pequena parte da população tem acesso a cabo e satélite. Vale insistir em que os canais públicos devem proporcionar de graça prazer e informação de qualidade para o público infanto-juvenil. Não se pode entregar todas as decisões para o mercado imaginando que ele irá fazer o que é necessário.
Reforça Paiva que,
(…) não é menos verdadeiro que aos demais deverá caber a aquisição da capacidade de natureza abstrata, reforçada por mais uma ampla formação de natureza cultural, de capacitação para o desenvolvimento do potencial criativo e para independência, de modo a poder facilitar o engajamento em atividades autônomas e iniciativas individuais. Para os “excluídos”, abre-se à contraditória possibilidade da “vida alternativa”, “em pequeno”; conectada ao subemprego que ao mesmo tempo limita e libera o indivíduo, tornando-o dono do seu tempo e mestre de sua atividade, lançando-o diante de grandes riscos, mas também lhe abrindo novas chances. Esta realidade exige uma formação para a iniciativa, para o empreendimento pessoal, que deve abranger toda a população, porque, na verdade, qualquer parcela pode ser atingida pela exclusão em algum momento da vida. (1990:56-57).
Em outros países, parece a haver um consenso de que a violência na televisão contribui significativamente para a violência na sociedade. Aqui no Brasil também têm essa visão, mas para muitos a questão é basicamente política. Nos EUA, as pessoas culpam a TV pela violência, porque não conseguem encarar as causas da mesma, que são questões mais complicadas, como a desigualdade social e o racismo que lá impera.
Os meios de comunicação têm uma grande parcela de culpa pela violência social, mas há muitas pessoas que dizem que essa é uma questão muito mais complicada, que temos que investigar com muito mais cuidado se quisermos saber por que as pessoas se interessam pela violência na TV. E levar em conta os prazeres envolvidos nisso, em vez de tirarmos conclusões simplistas dentro desses esquemas de estímulo-resposta, causa-efeito. Para Teixeira (1987).
Segundo o professor Charles Atkins, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, o tipo de violência mais assimilável pela criança, através da TV, é aquela que enfatiza a luta física.(…) Filmes de crime e polícia são mais perniciosos que as cenas “fortes” dos desenhos animados. Mas, mais perniciosas ainda são as imagens reais de violência: aquelas mostradas nos noticiários que as crianças assistem muito. De qualquer forma, as crianças que presenciam na televisão cenas de violência são duas vezes mais agressivas do que aquelas que não o fazem.
Para o professor Marco Antônio Rodrigues Dias, vice-reitor da Universidade de Brasília é a violência gratuita a mais assimilável, pois a criança passa a ser colocada diante desses fatos, como se fossem os mais normais possíveis. Acontece que a solução de todos os problemas passa estar na violência – o que não pode ser benéfico. (p.18)
Um dos problemas mais sérios é que cada vez mais fica difícil censurar ou controlar a violência nos meios de comunicação. O que precisamos fazer é encontrar um jeito de capacitar os espectadores a fazerem suas próprias escolhas, escolhas bem-informadas. É nesse contexto que a escola deve entrar principalmente os professores servindo de agentes, para formar alunos capacitados a selecionar o que é bom ou o que é ruim, a ser reflexivo e crítico. Segundo Sancho (1998):
Na maioria dos profissionais da educação já existe a consciência de que cada pessoa é diferente das outras, que cada uma tem as suas necessidades próprias, seus objetivos pessoais, um estilo cognitivo determinado, que cada pessoa usa as estratégias de aprendizagem que lhe são mais positivas, possui um ritmo de aprendizagem específico, etc. Além disso, quando se trata de estudantes adolescentes ou adultos, é preciso acrescentar novos elementos, como as diferentes disponibilidades horárias, as responsabilidades adquiridas ou o aumento da capacidade de determinação pessoais de necessidades e objetivos. Assim parece óbvio que é preciso adaptar o ensino a todos estes fatores.
Esta reflexão não é nova. As diferenças sempre têm sido reconhecidas. Mas, antes, eram vistas como um problema a ser eliminado, uma dificuldade a mais para o educador. Em uma fase posterior, considerava-se que esta diversidade devia ser considerada e isso já bastava. No entanto, agora se considera que é a partir daí que devemos organizar a formação e é nos traços diferenciais que devemos fundamentar a tarefa de formação: as capacidades de cada pessoa representam uma grande riqueza que é conveniente aproveitar.
Parece que, neste caso, na inovação que isto tudo representa, agirão em conjunto, tanto aqueles que se dedicam à pesquisa dos aspectos mais teóricos como aqueles que têm responsabilidades diretas na atividade de formação. Estes dois grupos, às vezes com pouca comunicação entre si, começam a mostrar um interesse convergente no trabalho dirigido a proporcionar uma formação cada vez mais adaptada a cada pessoa em particular. (185)
Muitas vezes os pais não permitem que seus filhos possam ver, por exemplo, um filme de horror com elementos sobrenaturais, porque sabem que ele vai ficar assustado. Mas, não se importam que ele veja programas com exagerado números de palavrões, que escuta de qualquer maneira à sua volta. Todos os pais deveriam definir critérios nessa hora. Não têm a ver só com a idade da criança, mas com a pessoa que aquela criança é, com os padrões que você quer manter, sendo que estes variam de um sujeito para outro.
De fato as bases da sociedade são criadas pelos padrões e valores por ela impostos, e se os membros desta sociedade não se mobilizam por problemas de caráter social e ético, é real a necessidade de reverem os mesmos. Para Saviani (2000):
Eu diria que a nível estrutural, o contexto econômico atual se caracteriza por aquilo que eu chamaria “a radicalização do processo de desenvolvimento capitalista no Brasil”. Na verdade o projeto de desenvolvimento capitalista no Brasil toma formas mais nítidas depois de 30 e vai se aprofundando, progressivamente, até assumir formas mais radicais no período posterior a 64. O que nós tivemos então, neste período, é justamente o aprofundamento capitalista que tende a se expandir para todo território nacional e abarcar todo o conjunto da sociedade.
A cultura “recebeu” o sentido de imediato devido à imagem, este sentido é valorizado no ritmo acelerado do discurso da televisão e no caráter concreto dos seus significantes. A televisão é beneficiada pela aproximação da realidade da mente humana, e pela capacidade de entendê-la com muito menos esforço do que o que seria gasto lendo um livro.
A narrativa audio-visuial aumenta o sentido dinâmico e imediato no qual o telespectador vive imerso no seu cotidiano, ao contrário da leitura. Há também o aspecto prazeroso, a satisfação instantânea que a televisão proporciona. E quando ela não existe, basta apenas mudar de canal e procurá-la em outro programa.
É de fundamental importância que todos os cidadãos envolvidos nesse processo de formação, informação, comunicação com uma criança, estejam cientes que a televisão tornou-se um dos mais concorridos passatempos de nossa época.
Porém, é bom lembrar que nela estão inseridos vários aspectos de ordem positiva e negativa. De fato, ela é um meio de informação, instrução e recreação barato, confortável e diversificada, mas não podemos negar que a TV tem esfriado as relações sociais, tornando as pessoas mais individualistas e compulsivas.
Será que vale a pena trocar um bom diálogo com filho, marido, esposa, amigos, por uma novela, um filme de ação ou de terror?
São os diálogos que favorecem o desenvolvimento da personalidade de qualquer ser humano, que necessita a todo instante de uma interação. A televisão é capaz de substituir tudo isso?
CONCLUSÃO
Cabe a nós a decisão: uma família bem estruturada ou valores degradados por certos programas de televisão que nada acrescentam no alicerce de conhecimento?
Vivendo em meio a um mundo que pratica sua falsa realidade, aquela semelhante mostrada na televisão, com planos acelerados, falta de coerência e com a possibilidade de mudar o canal sempre que não nos interessamos pelo que é mostrado, nossas crianças estão se tornando velhos, nossos jovens perdem algumas de suas capacidades com o simples argumento da compensação de estarem desenvolvendo outros não tão importantes.
Mas, a decepção vem apenas quando é percebido que não se pode ser um zapping na vida real, que ela não é tão estimulante, colorida e simples quanto àquela mostrada na sala de aula.
Vale mais a capacidade lógica e crítica criada pela leitura de um livro do que a inquietação e impaciência desenvolvidas pela televisão. Não existe um controle remoto para mudar a realidade, ela deve ser construída.
REFERÊNCIAS:
FISCHER, Maria Rosa Bueno. Televisão e educação: fruir e pensar a TV. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
PAIVA, Vanilda. Produção, qualificação e currículo. Revista Educação e Sociedade. São Paulo, nº 37, 1990.
SAVIANI, Demerval. Educação: o senso comum à consciência filosófica. 13. ed.Campinas,SP: Autores Associados, 2000.
SANCHO, Juana M. Para Uma Tecnologia Educacional. Porto alegre: Artes Médicas, 1998.
TEIXEIRA, Luiz Monteiro. A criança e a televisão: amigos ou inimigos? 2. ed. São Paulo: Loyola, 1987.