domingo, 20 de março de 2011

O professor não é o profissional capacitado para lidar com a violência. Isso, deixa para P.M que está treinada para lidar com infratores, marginais e qualquer tipo de escória. É uma grande hipocrisia falar que Professor tem que enfrentar violência. Chega! o mundo lá fora não quer passar a mão em "violentos", vamos deixar de lenga lenga, e parar de transformar o professor num grande palhaço e a escola num grande circo. A escola é e faz parte da vida de qualquer cidadão. Quer ele esteja num banco escolar ou não. Por isso, não vamos confundir demagogia com vida real. A escola não é lugar agradável. É lugar de preparo para o presente. Professor não tem que ser pai de aluno. Ele tem que cumprir seu dever e seguir seu caminho. O problema da violência é um desafio social sem disciplina não teremos respeito por ninguém. Não cabe a escola resolver esse desafio só. E muito menos o professor. Temos que tomar providências para que mais tarde não façam do professor além de sacerdote, como muitos dizem, policial. Não ganhamos para isso. O administrador cuida da administração de uma empresa, o servente da limpeza, o policial da segurança, o psicólogo da integridade da mente, porque o professor tem de cuidar além da instrução que lhe é dever, também, do aluno, do seu problema de aprendizagem, do seu problema particular, do seu problema familíar, do seu .... Quantos problemas! O ditado nos diz: cada macaco no seu galho. Devemos alertar nosso aluno para os tipos de violência que nos acometem no nosso dia a dia. Como: aumentos abusivos, roubos, assaltos, violência contra menores, mulheres, etc... Agora enfrentar de frente a violência é demais. A paz não é possível contudo, momentos de tranquilidade são aceitos. A democrácia não é possível contudo, não haveria leis. É impossível querer fazer com que a escola seja o melhor lugar do mundo. Sabe por que? Por que lidamos com pessoas. O que é bom pra mim não é bom pra ti. Por isso, sejamos mais pés no chão. Façamos o que podemos e sabemos.

transcrição de um comentário

Ser entusiasmado é uma característica de poucas pessoas, porém, como temos o poder de mudança, creio que muitas outras possam adquirir esta característica, em face da necessidade de, como professores, passar à nossos alunos perspectivas de dias melhores. Pesquisando em inúmeros sites sobre o tema, a fim de tentar superar a violência, que sozinhos, não conseguiremos, transcrevo parte do texto que achei interessante. Entusiasmo é acreditar na nossa capacidade de fazer as coisas acontecerem, de darem certo, de transformar a natureza e as pessoas. Não espere ter as condições ideais para se entusiasmar. Nós é que temos que transformar a nossa vida numa Vida Entusiástica. Não é a realidade da vida que tem que nos entusiasmar, nós é que temos que entusiasmar a realidade da nossa vida! Nós é que temos que entusiasmar nossas idéias... DICAS para se viver entusiasticamente. Vamos lá! 1- Afaste-se das pessoas e dos fatos negadores e negativos (sem explicações); 2- Acredite nos seus "insights" positivos. 3 - Não reclame constantemente. 4- Cultive a alegria e o bom humor... Aprenda a sorrir! Terapia do Riso : Habituar-se a sorrir, a achar graça de si mesmo. O sorriso tem um efeito poderoso em nossa vida; as pessoas que zombam dos próprios erros, são mais felizes e mais fortes. 5- Ilumine seu ambiente de trabalho e da sua casa. A escuridão traz a depressão! 6- Seja alguém disposto a colaborar com os outros. Sempre ache uma maneira de participar! Interesse-se pelas pessoas à sua volta! 7 - Surpreenda as pessoas com "momentos mágicos". Contagie os outros... 8 - Faça tudo com sentimento de perfeição. Faça as coisas com vontade de fazer, não faça nada pela metade, faça com desejo de acertar e de criar o mais correto possível! 10 - Aja prontamente. Faça agora! "DO IT NOW". Não postergue, não deixe para amanhã. Quando tiver alguma coisa para fazer, faça imediatamente. Descubra o entusiasmo na Vida! Seja capaz de transformar as coisas e fazê-las acontecer.

sexta-feira, 18 de março de 2011

SOS Professor.

Não tenho milhares de leitores. Tenho alguns.
Mas este número já é o suficiente para que eu me sinta responsável pelo que escrevo.
E, por isso, peço desculpas pelo que escrevo ultimamente, pois sinto-me numa fase obscura, desanimadora.
Terei em breve coisas boas pra contar, advindas de um trabalho que estamos fazendo na escola de São Paulo. Nem tudo são espinhos. (nada nada nada nada nada a ver com as mirabolantes idéias da Secretaria de Educação).
Mas meu sentimento agora é de frustração, desânimo e depressão.
Não só pelo trabalho nas escolas – seria injusto apenas culpá-los. Mas como não quero fazer análise de vida pessoal aqui, paro de lamentar.
Vamos ao tema principal do artigo.
O fato é que minha vida deu uma pernada pro ar e minha cabeça não sabe por onde anda… o que acaba refletindo em minha vida profissional, nas escolas.
Hoje discuti com dois alunos de uma turma que não é minha.
Estava uma zona, eu saía de uma turma e entrava em outra, metade de uma foi pro corredor, metade da outra estava em pé discutindo com outros alunos que estavam no recreio do lado de fora da janela da sala e, neste meio do inferno, pelo corredor vêm outros desta outra turma para junto de Dante.
Entendeu? É assim mesmo que estava a coisa.
Pedi que voltassem. Enfrentaram-me: “você não é professora da minha turma!!”, coisa e tal, nariz pra cima, cara de não te obedeço. E tentaram continuar.
À medida que fui levando-os para mais longe e que foram se exaltando comigo também o fui com eles.
Explodi.
Até palavrão – que devo confessar envergonhada estarem se tornando recorrentes em minha boca – saiu.
Diretora; o professor da turma; a coordenadora…
Fui à sala delas. Conversamos. Pedi desculpas aos alunos – por mim mesmo, não precisaram me dizer para fazê-lo. Sei que errei… mas às vezes não é fácil controlar.
No fim de tudo, no ônibus, conversando com um colega, soube que um dos alunos faz tratamento prascabeça; toma, inclusive, remédio receitado.
Mas, detalhe: a mãe achou que ele estava melhorando e… parou de dar o remédio. Simples assim.
Acho que eu que tô precisando…

SOS Professor.

Entrei, sentei na minha mesa e fiquei calada.
Fiquei só ouvindo.
Fiquei alguns minutos ouvindo.
Quatro alunos e uma aluna, sentados perto uns dos outros.
Quase trinta minutos de implicâncias e xingamentos e ameaças e apelidações.
“Cala boca sapo!”
“Vou te dizer uma coisa: vc fede!”
“Cheia de béri-béri!”
“Você mora na favela”
“Moro no condomínio!”
“Ah ah ah, condomínio, aquilo é favela!”
“Olha a calça dela, já anda sozinha!”
“Amanhã venho com outra calça”
“Ela vai achar outra na lixeira”
“Leite azedo, leito podre” (para um branco)
“Assolan!!!” (para uma negra)
“Jonatas é igual àquele chocolate feioso”
“Ele é branco, não é preto”
“Cala sua boca, você tá com a gripe suína e tá escondendo de todo mundo aí!”

Me levantei, peguei o livro, copiei umas frases no quadro.
Entre pegar o caderno e olhar o quadro para copiar, eles deram uma pausa.
Aí entrei e falei, argumentei, mostrei, professorei.
“Vocês não perceberam… blá, blá, blá… 25 minutos se xingando… blá, blá, blá… nem uma conversa sobre nada… blá, blá, blá… só ficaram falando mal uns dos outros… blá, blá, blá… não falam de futebol, nem de novela, nem de namoro, nem de nada, só se sacaneiam… blá, blá, blá…”
Me olharam por alguns segundos.
“Ele que começou!”
“Eu nada, sua preta fedida!”
“Foi sim seu queijo branco estragado!”
“Tua mãe que é!”
Cheguei hoje cedo na escola . Deu tempo de almoçar.
No almoço, entro no meio da conversa entre duas professoras, duas das boas professoras da escola, por sinal.
Falavam da problemática de uma turma do 6o ano – ou 5a série – que foi montada para ser de “alfabetização”.
Sim, isso mesmo que vocês ouviram… aproveitaram uma turma que tinha extrema dificuldade, juntaram mais alguns alunos de outras turmas que também o tinham, e fizeram uma turma para desenvolver um trabalho especial, pois eles são analfabetos… no 6o ano.
Esses alunos não sabem ler uma sílaba, sem exagero.
Eles os juntaram para que pudesse trabalhar, todos os professores, a alfabetização desses alunos.
Estavam elas dizendo que há professores, no entanto, que também têm dificuldades com isso… não compreendem que eles não sabem ler. Colocam um texto enorme no quadro, os fazem copiar e acham que eles entenderam.
Não, não entenderam. Simplesmente copiaram.
Os outros professores trabalham palavras, frases simples, muita leitura (quando conseguem), etc.
Dizia uma delas que escreveu, por exemplo, “espaço” no quadro (professora de Geografia)
O aluno foi com o caderno à sua mesa e ela pediu pra ele ler o que escreveu.
- “ba-bi…” – respondeu ele.
Sem comentários...

SOS Professor.

Sento à minha mesa, são15:00 h.
Estou sem forças e sem motivação nenhuma para pedir para dar aulas. Sim, eu tenho que pedir, por favor, e pelo amor de Deus pra dar aulas, se quiser fazê-lo. Eu teria que levantar gritar, pedir silêncio, gritar, mandar sentar, me aborrecer, gritar, tirar alguém de sala… Só assim teria o mínimo do mínimo para fazer qualquer coisa.
Mas não tenho motivação nem vontade de me aborrecer pra dar aulas.
Eles continuam, às quinze horas e dez minutos , absolutamente como se eu não estivesse aqui.
Neste momento têm seis alunos em pé.
Há uns vinte falando ao mesmo tempo e, como não se ouvem, falam mais e mais alto.
Um deles batuca com a bala halls na mesa, cantando um funk.
Outros três olham pela janela.
Outro grita palavras de baixo calão para a colega.
Outros dois dormem, de cabeça baixa.
Folhas são arrancadas e jogadas displicentemente para frente, em direção à lixeira, sem acertá-la. Mas não as pegam, ficam no chão. Ao menos é um avanço: não estão jogando-as, agora, nos outros.
Uma aluna grita pela janela, falando com alguém na rua.
Outra joga um pedaço de plástico pela janela.
São 15:30. É como se eu não estivesse aqui.
Um faz um sinal feio para o colega de fora da sala.
Outro me pede “Professor, não dá aula hoje não!” – como se precisasse pedir…
Agora há somente uns dez falando ao mesmo tempo.
Uns seis chupam pirulito, cujos papéis de embrulho e palitinhos vão para o chão, invariavelmente.
No início da aula havia um aluno com uma bolinha de papel na mão, jogando–a para o alto e pegando-a novamente. Para evitar um míssel, pedi a bolinha e joguei-a no lixo. Agora ele está com outra, fazendo o mesmo.
Contei trinta crianças em ebulição em sala.
Eles não têm vontade.
Eu tenho uma sala de trinta metros quadrados com quarenta e cinco carteiras carteiras, trinta alunos, o meu livro de professor e um quadro.
A janela da sala dá pra frente da rua, onde passam caminhões barulhentos e onde há pessoas que mexem com os de dentro e eles mexem com os de fora.
Estou só aqui dentro.
Daniel na cova dos leões.
Me levanto e grito pra fazer silêncio?
Mesmo que fizesse, silêncio mesmo não haverá, por conta do barulho da rua.
Me levanto e digo que estou aqui? Não… acho que eles sabem.
Tento “dar aula”?
Antes de eu tentar levantar, ouço um CARALHOOOOO! bem alto, vindo do meio da sala.
Desisto de tentar dizer a eles qur preciso dar a aula.Um joga água na colega. A colega revida.
Mais bolas voam ao chão.
Uma aluna dá chutes em outro aluno.
Um aluno “rouba” o caderno de outra, que sai correndo para pegar, passando por cima de mais um.
São quinze horas e trinta minutos e têm doze alunos em pé, em uma sala de trinta metros quadrados contendo trinta alunos alunos.
Falam alto, gritam pela janela, batem uns nos outros, gritam, jogam bolinhas de papel, dão socos e recebem tapas, dão puxões de cabelos nas meninas, fazem queda-de-braço, batucam nas carteiras.
Eu penso que, com estas condições, nunca atingirei o índice que nossa santidade a secretária quer que atinjamos para nos “PREMIAR”.
De qualquer forma, eu não ganharei mesmo, por conta do problema de saúde que tive no início do ano – por conta desta mesma escola. Então...desisto de dar aulas........
Estas são as condições que vivenciam diariamente diversos professores da rede pública, e o que os pais, os governantes, enfim, a justiça pensa fazer para ajudar esta classe que está tão desanimada com tudo? O que você faria?

terça-feira, 15 de março de 2011

O QUE FUNCIONA NA ALFABETIZAÇÃO

O que funciona na alfabetização?

O que se ensina quando se ensina a ler e escrever?

A plena inserção no mundo da escrita, envolve pelo menos três complexas dimensões que se articulam e que se complementam: uma dimensão lingüística (a conversão da oralidade em escrita); uma dimensão cognitiva (as atividades da mente em interação tanto com o sistema de escrita, no processo de aquisição do código, quanto com o texto em sua integridade, no processo de produção de significado e sentido); uma dimensão sociocultural (a adequação das atividades de leitura e escrita aos diferentes eventos e práticas em que essas atividades são exercidas).

A complexidade do processo gera divergências sobre o qual deve ser o objeto da alfabetização. Há os que consideram que o objeto é o processo lingüístico e cognitivo de aquisição da tecnologia da escrita, domínio dos sistemas alfabético e ortográfico de escrita, e das convenções que governam o uso desses sistemas. Há também os que consideram que, sendo a finalidade da leitura e da escrita a construção de significados e sentidos dos materiais escritos que circulam em práticas socioculturais, o objeto da aprendizagem da língua escrita é, desde o seu primeiro momento, a compreensão, na leitura, e a utilização, na escrita, de numerosos e variados gêneros e portadores de textos, vivenciados em diferentes contextos, visando a diferentes objetivos e diferentes destinatários. Finalmente, há os que, julgando incoveniente e mesmo impossível fragmentar um processo cujos componentes são inter-relacionados e interconectados, consideram que o objeto da alfabetização é a língua escrita em sua inteireza, envolvendo todas as dimensões e todos os seus componentes.

Naturalmente, as divergências quanto ao objeto da alfabetização - o que se ensina a ler e escrever - determinam as divergências quanto aos métodos de alfabetização - como se deve ensinar a ler e a escrever - e, conseqüentemente, divergências quanto aos resultados da alfabetização - o que funciona na alfabetização.

Fonte Magda Soares, Revista Pátio ago/out 2008

O PEQUENO PRÍNCIPE

O PEQUENO PRÍNCIPE
olá, queridas!
Vim postar sobre o projeto que realizei ano passado:
Explorando o universo de O PEQUENO PRINCIPE de Antoine de Saint-Exupery. Lemos o livro de forma capitulada e assistimos o filme e o Pequeno Príncipe passou a fazer parte de nossas conversas diárias. O seu universo é tão delicado e lida tanto com a afetividade, tema recorrente neste blog, que a terceira série que leciono resolveu adotar sua postura tão pura em busca de conhecimentos e de auto-conhecimento.
Estamos produzindo um livro coletivo com textos feitos pelos alunos dos temas que observamos no livro:
Biografia do Autor
Informações sobre a Jibóia, a Raposa, o Elefante, a Serpente
Textos científicos sobre os Vulcões
O que é o Alcoolismo e quais suas consequências ?
Informações sobre a Rosa e métodos de plantação
O que é monarquia?
O que é a gravidade?
O Sistema Solar
Lista de qualidades de um bom governante
O que é um musical?
Autoria de músicas sobre o universo de O Pequeno Príncipe
Produção de textos instrucionais (Como fazer um avião com material reciclado, Como fazer rosas de origami, etc.)
Produção de livro individual de textos que chamaram a atenção do aluno com relação ao universo de O Pequeno Príncipe
Musical produzido pelos alunos utilizando tecnologias diversas
Mostra sobre o Universo de O Pequeno Príncipe
Os alunos sentiram uma ligação muito forte com o livro e todos os dias comentam coisas novas sobre o conhecimentos adquiridos durante a leitura e suas pesquisas complementares. Estarei postando algumas produções dos meus alunos.
Biejos

ALFABETIZAR LETRANDO

Cássia R. M. de Assis Medel

O professor deve fornecer ferramentas para o aluno construir o seu processo de aprendizagem da leitura e escrita.
Na etapa inicial, isto é, na Educação Infantil, a escola tem obrigação de ajudar o aluno a ser apropriar da escrita alfabética e informatizar o seu uso.
Para realizar essa tarefa, o professor não deve deixar o aluno se esforçar sozinho para entender “por que coisas que se fala parecido tendem a ser escritas de modo parecido “O professor deve ajudar o aluno a refletir sobre palavras retiradas de textos lidos ( além de outras que são significativas para o aluno). É essencial praticar a leitura e a escrita no cotidiano escolar “trabalhar com palavras”, propiciar aos alunos refletir sobre elas, montá-las e desmontá-las.
Nessas ocasiões, mesmo ainda sem saber ler convencionalmente, os alunos poderão se apoderar de algumas estratégias de leitura: estratégias de antecipação, de checagem de hipóteses, de comparação, entre outras ( utilizadas por um cidadão letrado. Explorando e também produzindo textos observados pelo professor ou por outro aluno já “alfabetizado”), os alunos estarão desenvolvendo conhecimentos sobre a linguagem que se utiliza nos textos que percorrem a sociedade letrada.
Com base nos estudos e pesquisas de hoje em dia, “Alfabetizar letrando” requer: Democratizar a vivência de práticas de uso da leitura e da escrita e ajudar o aluno a, ativamente, reconstruir essa invenção social que é a escrita alfabética.
Se a escrita alfabética é uma invenção cultural, seguindo as idéias de Vygotsky, os professores, como membros mais experientes da cultura devem auxiliar os alunos a prestar atenção/analisar/refletir sobre os pedaços sonoros e escritos das palavras. Isso, é claro, não seria, de forma alguma, usar métodos fônicos ou treinar a “produção de fonemas” num mundo sem textos e sem práticas de leitura.
A partir de 1983, através de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, o professor começou a repensar a sua prática cotidiana em sala de aula. Nos dias de hoje, sabemos que um indivíduo plenamente alfabetizado é “aquele capaz de atuar com êxito nas mais diversas situações de uso da língua escrita. Dessa forma, não basta apenas ter o domínio do código alfabético, isto é, saber codificar e decodificar um texto: é necessário conhecer a diversidade de textos que percorrem a sociedade, suas funções e as ações necessárias para interpretá-los e produzi-los.” O processo de alfabetização ocorre durante toda a escolaridade e tem início antes mesmo da criança ingressar na escola. Implica em tomar como ponto de partida, o texto, pois este é revestido de função social e não mais as palavras ou sílabas sem sentido. O professor deve buscar um vocabulário que tenha realmente significado para a classe, isto é, que seja retirado das suas experiências. Atualmente, a cartilha não é o recurso mais favorável a aprendizagem da leitura e da escrita, principalmente, porque não tem qualquer significado para o aluno e apresenta textos desconexos, apenas garantindo a “memorização das famílias silábicas.”
Para Teberosky, deve ser considerada no processo de alfabetização, a diferenciação entre a escrita e a linguagem.
Segundo a referida autora, a escrita deve ser entendida como um sistema de notação, que no caso da língua portuguesa é alfabetização(conhecer as letras, sua organização, sinais de pontuação, letra maiúscula ,ortografia , etc ). A linguagem escrita é definida como as formas de discurso, as condições e situações de uso nas quais a escrita possa ser utilizada(cartas, bilhetes, notícias, relatos científicos, etc.)
Inicialmente, o professor precisa tomar por base o texto e não mais as palavras-chaves. O texto deve ser o elemento fundamental para inserir a criança no universo letrado’.
Além da escrita espontânea, pode ser considerado também o trabalho com modelos, que possibilitam ‘as crianças comparem suas hipóteses com o convencional. Através de listas de palavras de um mesmo campo da semântica.(brinquedos, jogos prediletos, comidas preferidas, personagens de livros e gibis, nomes dos alunos da classe, frutas, etc) das parlendas e de outros textos, as crianças, hoje, podem ampliar suas concepções e progredir na aquisição da base alfabética, como na compreensão de outros aspectos (a grafia correta das palavras, o uso de sinais gráficos, etc).
Simultaneamente, os diversos tipos de texto necessitam aparecer como objeto de análise, propiciando aos alunos diferenciá-los, conhecer melhor suas funções e características particulares. Para que isso ocorra, é essencial que saibam interpretá-los e escrevê-los. A expressão pessoal (bilhetes, cartas, diários, receitas culinárias, etc) deve fazer parte do trabalho do professor, no entanto, esta deve vir acompanhada pela escrita de outros textos, inclusive com o apoio de modelos.
Cabe à escola, desde a Educação Infantil, alimentar a reflexão sobre as palavras, observando, por exemplo, que há palavras maiores que outras, que algumas palavras rimam, que determinadas palavras tem “pedaços” iniciais semelhantes, que aqueles “pedaços” semelhantes se escrevem muitas vezes com as mesmas letras, etc.
Não se trata de apresentar fonemas para que os alunos memorizem isoladamente os grafemas que correspondem a eles na nossa língua. Como o aprendizado do sistema de escrita alfabética é, acima de tudo, conceitual, o que é preciso é que os alunos possam manipular/montar/desmontar palavras: observando suas propriedades; quantidade e ordem de letras, letras que se repetem, pedaços de palavras que se repetem, e que tem som idêntico. O professor deve estimular o desenvolvimento das habilidades dos alunos de reflexão sobre as relações entre partes faladas e partes escritas, no interior das palavras.
O uso das palavras estáveis como os nomes próprios e de certos tipos de letra, como a letra de imprensa ou letra script, tem uma explicação. Quanto às palavras que se tornam “estáveis”, o fato de o aluno ter memorizado sua configuração, possibilita-lhe refletir sobre as relações parte-todo tentando devendar o mistério daquelas relações; por que a palavra inicia com determinada letra e continua com aquelas outras naquela ordem? Por que falamos tantos (pedaços) sílabas e tem mais letras quando escrevemos? Quanto ao uso das letras de imprensa ou script, o fato de terem um traçado mais simplificado, e de cada letra aparecer mais separada das demais, possibilitando ao aluno saber onde começa e termina cada letra, permite ao aluno investir no trabalho cognitivo, fazer uma reflexão necessária à reconstrução do objeto de conhecimento, isto é, o sistema alfabético.
O professor deve garantir que as práticas escolares ajudem o aluno a refletir enquanto aprende e a descobrir os prazeres e ganhos que se pode experimentar quando a aprendizagem do sistema de escrita é vivenciado como um meio para, independentemente, exercer a leitura e a escrita dos cidadãos letrados.

Cássia R. M. de Assis Medel - Professora e Orientadora Pedagógica do Ciep 277 João Nicoláo Filho “Janjão” e da E.M. Prof. Ewandro do Valle Moreira, localizadas no município de Cantagalo-RJ

A floresta em chamas.

Leitura de fruição: A floresta em chamas.

Existia uma floresta linda e bem verdinha, lá moravam vários animais que dependiam das árvores e dos rios para se alimentarem, para construir suas casas, enfim para dar vida a todos eles.
Os animais viviam alegres, soltos pela floresta, brincando e se espreguiçando de lá pra cá e de cá pra lá. Lá moravam a Dona Onça, o Senhor Passarinho, o Galo Pintado, a Ovelha Bela, o Elefante Machão, o Porco Espinho e tantos outros.
Certo dia apareceu pelas bandas de lá, um homem, que cansado de tanto caminhar, resolveu descansar debaixo da macieira.
Enquanto ele descansava, vejam só quem lá apareceu ?! Dona Cobra Cobreira, maldosa e odiada por todos, que como num encanto acordou o homem e pôs a seduzi-lo com suas maldades. Soprava ao ouvido do homem que aquelas árvores estavam atrapalhando os seus planos. Que se ele botasse fogo nelas, sobraria um belo pasto para que ele pudesse criar seu gado e assim ficar rico, rico, muito rico.
Vocês sabem muito bem que quando fala de dinheiro com o homem, ele fica cego e louco.
Foi nesse meio tempo que o homem então decidiu: vou botar fogo na floresta e assim a tomarei para mim, e a usarei para ficar rico, muito rico.
E assim ele fez, pegou logo um fósforo e se deixando levar pela tentação do mal, colocou fogo na floresta e rapidamente o fogo se alastrou.
Meus Deus!... Virgem Maria!...Foi um Deus nos acuda!... Era bicho correndo para todo lado, era fogo alastrando por todo canto. A coisa não ficou boa lá na floresta não. A única que ria da desgraça dos outros era a D. Cobra Cobreira, porque sentiu que o homem havia se deixado contaminar pelo mal .
Enquanto todos corriam apavorados, fugindo do fogo , somente o Senhor Passarinho gritava e voava desesperado para que apagassem o fogo em vez de fugirem .
O urso, com cara de medo, olhou para a floresta e quis ajudar, mas, logo a Cobra Cobreira colocou sua língua venenosa pra fora e disse ao urso que se ele ajudasse o fogo apagar, poderia perder sua vida , era melhor fugir para outro lugar , afinal ele era grande e corria muito , poderia se salvar .
O urso se deixou cair na tentação da Cobra Cobreira , e com a tentação da covardia, abandonou os amigos e fugiu para bem longe .
O Senhor Passarinho continuava a pedir ajuda para o fogo apagar, que buscassem água para a floresta salvar. Logo, o Senhor Galo quis ajudar, mas a Cobra maldosa, disse ao galo que suas penas poderiam se queimar e assim seria seu fim. Ele vaidoso com sempre, não quis ajudar e saiu numa correria de não mais parar .
Ainda não satisfeita, Dona Cobra Cobreira , a todos quis influenciar e ouvindo a maldosa , todos se deixaram enganar .
Uns tinham a tentação da preguiça, outros a tentação do não tô nem ai, outros egoísmo e assim por diante. Até o Senhor Passarinho a maldosa da Cobra Cobreira quis seduzir dizendo a ele pra não ajudar, afinal ninguém se importava e porque ele estaria arriscando sua vida para outras salvar? De que vale isso?!
Mas, o Senhor Passarinho então decidiu , mesmo não sendo grande e podendo usar apenas de seu biquinho e de suas asinhas , se colocou em ação , ia até o rio, enchia seu biquinho de água e jogava toda água que ele conseguia carregar no fogo da floresta , ia ao rio e voltava , ia ao rio e voltava . Enquanto os bichos corriam ,iam percebendo a ação do Senhor Passarinho, foi quando Dona Onça virou -se para o passarinho e disse :

_ Que isso ,compadre?! Você pretende apagar todo o fogo da floresta com esse seu minúsculo biquinho?

Ele, então, cansado, voando de lá pra cá se virou e disse:

_ Sei que ele é pequeno e pode até não apagar o fogo da floresta , mas eu estou fazendo a minha parte .
Foi nesse instante, crianças , que Dona Onça abriu seus olhos e chamou a todos para que juntos pudessem salvar a floresta , os rios e a vida deles próprios . Pediu que cada um fizesse a sua parte e que o fogo da floresta apagasse. Dona Cobra Cobreira ficou louca de raiva e vendo que o bem estava por perto, fugiu brava para o meio do mato quente...
Todos os bichos então, armados de baldinhos, unidos sobre o comando do Rei Leão, conseguiram o fogo da mata apagar, livraram a natureza da destruição e agora estão replantado tudo que se queimou, ajudando a natureza a se recuperar do grande estrago causado pela tentação do mal. A floresta está se recuperando aos poucos, mas o bonito foi que eles, agora, estão mais preparados para não se deixarem cair na tentação do mal e na busca da paz conseguirão vencer o mal .
E nós,crianças, também temos feito à nossa parte contribuindo para que nenhuma tentação interfira na nossa paz ? Cuidando bem do nosso coração, ou estamos deixando que o mal nos seduza para que tudo seja destruído? Como temos cuidado de tudo que nos cerca , principalmente da natureza ?

sábado, 12 de março de 2011

despedida

Despedida do TREMA

Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema. Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüenta anos.

Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...

O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disse que seu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé.

Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?... A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, "Kkk" pra cá, "www" pra lá.

Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!...

Nós nos veremos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.


Adeus,

Trema.

quinta-feira, 10 de março de 2011

TV

Este cordelista deveria estar na Academia Brasileira de Letras...na cadeira que era ocupada pelo Roberto Marinho...



BIG BROTHER BRASIL

Autor: Antonio Barreto
Cordelista, natural de Santa Bárbara - BA, residente em Salvador

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.


Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bial
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…

FIM

quarta-feira, 9 de março de 2011

TABELA ELABORADA PARA ACOMPANHAR A EVOLUÇÃO DA ESCRITA DOS ALUNOS
NÍVEL DE ESCRITA CARACTERIZAÇÃO EXEMPLOS:
 BRIGADEIRO
 PIPOCA
 SUCO
 BIS
PRÉ-SILÁBICA Grafismo Primitivo Predomínio de rabiscos e pseudo-letras. A utilização de grafias convencionais é um intento para a criança.
Desenvolvem procedimentos para diferenciar escritas.

Escrita sem controle de quantidade A criança escreve ocupando toda a largura da folha ou do espaço destinado a escrita. ARMSMOHAORUILNMAMTOXAMHNTSKHUIMHOTIPERTCLMNBOATRO
Escrita Unigráfica A criança utiliza somente uma letra para representar a palavra. A
L
F
C
Escrita Fixa A mesma série de letras numa mesma ordem serve para diferenciar nomes.
Predomínio de grafias convencionais. ALNI
ALNI
ALNI
ALNI
Quantidade variável
Repertório Fixo/Parcial Algumas letras aparecem na mesma ordem e lugar, outras letras de forma diferente. Varia a quantidade de letras para cada palavra. SAMT
AMT
AMTSA
SAT
Quantidade constante
Repertório variável Quantidade constante para todas as escritas. Porém, usa-se o recurso da diferenciação qualitativa: as letras mudam ou muda a ordem das letras. HRUM
ASGK
ONBJ
CFTV
Quantidade variável
Repertório variado Expressam máxima diferenciação controlada para diferenciar uma escrita de outra. RAMQN
ABEAMF
GEPFA
OSDL
Quantidade e repertório variáveis.
Presença de valor sonoro início e/ou fim. Variedade na quantidade e no repertório de letras. A criança preocupa-se em utilizar letras que correspondem ao som inicial e/ou final. IMSABRO
IBRNSA
URMTO
INBOXIX
SILÁBICA Sem valor sonoro: a criança escreve uma letra para representar a sílaba sem se preocupar com o valor sonoro correspondente. R O M T
B U D
A S
R
Iniciando uma correspondência sonora: a criança escreve uma letra para cada sílaba e começa a utilizar letras que correspondem ao som da sílaba. I T M O
P Q A
R O
G I
Com valor sonoro: a criança escreve uma letra para cada sílaba, utilizando letras que correspondem ao som da sílaba; às vezes usa só vogais e outras vezes consoantes e vogais. I A E O – B H D O
I O A – P O K
U O – S C
I S – B I
Silábico em conflito ou hipótese falsa necessária: momento de conflito cognitivo relacionado à quantidade mínima de letras (BIS/ISIS) e a contradição entre a interpretação silábica e as escritas alfabéticas que têm sempre mais letras. Acrescenta letras e dá a impressão que regrediu para o pré- silábico. B H D U L E
I O K E C
U O K U
I S I S
SILÁBICA - ALFABÉTICA A criança, ora escreve uma letra para representar a sílaba, ora escreve a sílaba completa. Dificuldade é mais visível nas sílabas complexas. B I H D R O
P I P O K
S U K O
B I Z
ALFABÉTICA
A criança já compreende o sistema de escrita : produz escritas alfabéticas, mesmo não observando as convenções ortográficas da escrita. BICADERO
A criança já compreende o sistema de escrita : produz escritas alfabéticas, observando algumas as convenções ortográficas da escrita. BIGADEIRO
A criança já compreende o sistema de escrita : produz escritas alfabéticas, sempre observando as convenções ortográficas da escrita. BRIGADEIRO
Essas informações são parâmetros que ajudam a compreender as hipóteses das crianças sobre o sistema de escrita e assim poder planejar e intervir intencionalmente para que avancem. As crianças são complexas e muitas vezes não se encaixam nas “gavetinhas”, é preciso investigar, usando diferentes estratégias para conhecê-las.

BOAS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM NA ALFABETIZAÇÃO

• Diariamente leitura de histórias (.... assim como poesias, parlendas, notícias) feita pelo professor, sempre de qualidade e de interesse dos alunos, num clima de magia e encantamento.
• Utilizar a lista de nome dos alunos da classe para realizar diversas brincadeiras (forca, procure seu nome, procure o nome de tal colega, apague seu nome na lousa, dizer onde está o nome de determinada criança dentre 3 que comecem com a mesma letra, etc.). Essa lista de palavras, que logo será memorizada pelos alunos, atuam como palavras estáveis que fornecem muitas dicas para a aprendizagem do sistema de escrita tais como o nome das letras, que sonoridade possuem quando se juntam como saber que com o CA de CAMILA eu posso também escrever o CA de CADEIRA.
• Professor escreve na frente do aluno e lê o que está escrevendo ou já escreveu (o que vai ter na merenda, o título da história que será lida, etc.).
• Os alunos ditam textos memorizados para o professor escrever (parlendas, poesias, letra de música que estão aprendendo para ampliar seu repertório, para se divertir ou para uma apresentação na reunião de pais...).
• Os alunos escrevem palavras que o professor propõe (listas com 4 ou 5 palavras de brinquedos, objetos, animais), o professor solicita que cada criança (algumas a cada dia) leia o que escreveu apontando onde está escrito.
• Propor que os alunos leiam (antecipando) o título do livro que vai ser lido, pois a ilustrações lhe dão pistas e a criança já tem algum conhecimento sobre o sistema de escrita.
• Propor que localize onde está escrito determinadas frutas numa lista que o professor escreve na lousa e informa que lá foi escrito nomes de frutas (o aluno sabe o que pode estar escrito lá).
• Propor que localizem onde está determinado título de histórias na lista de Histórias lidas naquela semana.
• O professor escreve 3 palavras (ex.: CAMELO, CAVALO e CACHORRO), informa aos alunos o que escreveu e estes precisam dizer onde está escrito o quê. Aqui o início e o final das palavras são semelhantes então os alunos precisam se atentar ao meio das palavras, já é um desafio maior.
• Fornecer as letras justas, ou seja, todas e nenhuma a mais nem a menos, de determinada palavra ou verso/estrofe de poesia ou música, informando que ali estão TODAS as letras para escrever ELEFANTE ou O SAPO NÃO LAVA O PÉ, por ex., e o aluno ou dupla de alunos com hipóteses de escrita próximas, têm a tarefa de escrever e não deixar sobrar nenhuma letra.
• Cruzadinhas com banco de palavras.

terça-feira, 8 de março de 2011

DIA DA MULHER

Objetivo da Data

Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história

Leila Diniz: escândalo ao aparecer grávida na praia e de biquíni, em 1971
Maria Bonita
Uma mulher indígena segura seu filho enquanto tenta resistir ao avanço de policiais do Amazonas que foram expulsar a mulher e cerca de 200 outros membros do Movimento dos Sem Terra a partir de um aparelho de propriedade privada de terras na periferia de Manaus, no coração do Brasil Amazônia 11 março, 2008. Os camponeses sem terra tentaram em vão resistir ao despejo, com arcos e flechas contra a polícia usando gás lacrimogéneo e cães treinados, e foram expulsos da terra. (REUTERS / Luiz Vasconcelos-A Critica / AE)

“Fossemos infinitos / Tudo mudaria / Como somos
finitos / Muito permanece” (Bertold Brecht)

A Irmã Dorothy Stang foi assassinada, com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de difícil acesso, à 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no Estado do Pará, Brasil.

Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy afirmou «eis a minha arma!» e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns trechos deste livro para aquele que logo em seguida lhe balearia.
Primeira estudante universitária negra, 1957 - EUA
Sequelas de Kimphuc:
SEGUNDA GUERRA
Uma mãe cruza o rio com os filhos durante a guerra do Vietnã em 1965
fugindo da chuva de bombas americanas


A explosão da bomba atômica em Hiroshima:

segunda-feira, 7 de março de 2011

Gosto




Gosto de roçar, de vez em quando,

A minha língua nas palavras.

Fazer-lhes cócegas

E deixá-las vir a mim,

Sem sofrimento, sem angústia,

Sem, muitas vezes, necessidade.

Sem compromisso.

Gosto de senti-las escapando dos meus pensamentos

E passando para os rabiscos que compartilho

Com todo aquele que tiver interesse

Nas minhas palavras.

Não sou poeta.

Não sou tão “louca”, “desvairada”, “faminta” por “novas”

Palavras,

Como aqueles que, com grande maestria,

Diria até, cheios de inspiração mágica,

Possuem-nas e liberam-nas em forma de POESIA.

Aqueles que, com muito respeito e carinho,

Eu chamo de poetas.

Porque, diferentemente de mim,

Escrever , para eles, é mais que diversão:

É o enamorar-se pelas palavras

E, através delas, encantar a todos.

construção do conhecimento

Capítulo I

PIAGET - A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

                                                                        
Psicólogo e biólogo suíço, Jean Piaget (1896 - 1980), é reconhecido como a maior autoridade do século sobre o processo de funcionamento da inteligência e das estruturas cerebrais de aquisição do conhecimento.
Suas pesquisas científicas deram grandes contribuições  para a desmistificação do processo de aquisição da linguagem escrita, embora não ambicionasse construir uma teoria pedagógica,  suas idéias têm sido referenciais para uma proposta de ensino bem elaborada. Seu trabalho foi fundamental para a inserção do indivíduo no mundo letrado, pois suas análises científicas sobre a epistemologia genética é que fundamentaram a psicogênese da língua escrita.
Piaget explica a interação pelos conceitos de assimilação, acomodação e adaptação. Do equilíbrio desses processos advém uma adaptação ao mundo cada vez mais adequada e uma conseqüente organização mental. O autor ainda alerta para o fato da estruturação cognitiva, onde conhecimentos novos abrem caminhos para novas possibilidades, descartando a tese  do conhecimento ser pré- estabelecido geneticamente. Admite ainda a importância da influência do meio no desenvolvimento intelectual e na integração dos saberes.
Piaget reforça a sua tese sobre a importância do construtivismo na formação integral do ser humano como algo que possibilita um adequado caminho da aquisição da linguagem escrita, contestando o inatismo que defende a idéia de que o indivíduo nasce pronto.
"Assiste-se por toda parte a uma falência do ideal de dedução integral que implica a pré-formação, e isso em proveito de um construtivismo cada vez mais evidente". [1]
Segundo a tese piagetiana, o desenvolvimento cognitivo é um processo seqüencial onde a interação tem importante papel no desenvolvimento das operações lógicas, pois influencia significativamente a visão de mundo do sujeito,  permitindo-lhe evoluir de uma perspectiva subjetivista para a objetividade; este processo não é inato. Segundo o autor:
"O desenvolvimento é um processo seqüencial marcado por etapa; embora a seqüência do desenvolvimento seja a mesma para todas as pessoas, a cronologia é variável de pessoa para pessoa".[2]

O autor argumenta que a criança apresenta características próprias de acordo com a sua idade, conseqüentemente o desenvolvimento intelectual ocorre por meio de organização e adaptação, enfatizando ainda o papel estruturante do sujeito. Maturação, experiências físicas, transmissões culturais e equilibração são fatores do desenvolvimento cognitivo desenvolvidos na sua teoria.
Com os mecanismos que se apresentam desde o nascimento, os indivíduos vão construindo seu modo de agir, pensar e sentir. Estabelecem  sua visão de mundo e adquirem conhecimento, sendo que cada homem é agente do seu processo de desenvolvimento.
O  conceito central de construtivismo, baseado nas pesquisas genéticas de Jean Piaget, considera que as crianças são pensadoras ativas, tentando sempre constituir novas estratégias e entendimentos avançados e explicar os processos de desenvolvimento e aprendizagem como resultados da atividade do homem na interação com o ambiente.
"A inteligência, para Piaget, é um caso particular de adaptação biológica. Numa interpretação oposta ao empirismo encontramos uma explicação que pode ser caracterizada como apriorista ou inatista, que concebe o conhecimento como sendo pré-formado no sujeito, dependendo apenas de maturação e um mínimo de experiências. Esta posição aparece contemporaneamente em Kant e Chomsky".  [3]

De acordo com o inatismo, as crianças já nascem com estruturas mentais pré-formadas que se manifestarão em momentos específicos do desenvolvimento. Piaget não admite a hipótese empirista, nem a inatista, pois o sujeito não é passivo nem pré-formado, mas interage com o meio e nesta interação constrói o conhecimento através de descobertas e invenções.
Segundo Jean Piaget não se pode analisar homem e mundo isoladamente. "O ser humano como sujeito em interação com o meio deve ser descrito como sistema aberto que constrói progressivamente o conhecimento ao agir sobre os objetos incorporando elementos novos."[4]
De acordo com o referido autor, o desenvolvimento cognitivo é um processo que se realiza em todo ser humano. Nas palavras de Piaget " os diversos aspectos do comportamento intelectual são reações fenótipicas e um fenótipo é o resultado de uma interação entre o genótipo e o meio."[5]
Essa compreensão sobre o modo como o aluno pensa, e o que entende a respeito da leitura e escrita é de fundamental importância para  aquisição do saber institucional, já que um dos paradigmas deste saber é pautado na humanização e socialização do indivíduo. É de vital importância o conhecimento do educador sobre o modo como os educandos estão constituindo suas reflexões sobre a língua escrita, sendo primordial para alfabetização o conhecimento das condições internas prévias, pois é a partir desse conhecer que o educador terá  possibilidade de estabelecer propostas coerentes de avanços na aquisição da linguagem escrita.






Capítulo II

VIGOTSKY - SÓCIO-INTERACIONISMO


Numa pesquisa científica sobre aquisição da linguagem escrita, não se pode deixar de dar o merecido apreço às contribuições e progressos alcançados nessa área  por intermédio das pesquisas do autor soviético Lev Semenovich Vigotsky.
A abordagem vigotskyana, é conhecida como abordagem histórico-cultural do desenvolvimento humano. Esta vincula o desenvolvimento humano ao  contexto cultural no qual o indivíduo se insere e à influência que o ambiente exerce sobre a formação psicológica do homem. Diz uma conhecida estudiosa do autor: "O desenvolvimento cognitivo das crianças é consideravelmente favorecido pelas interações sociais".[6]
Vigotsky fundamenta  que o desenvolvimento está alicerçado sobre o plano das interações. Há uma inter-relação entre o  contexto cultural, o homem e o desenvolvimento, pois esse se dá do interpsíquico para o intrapsíquico, ou seja, primeiro se dá o desenvolvimento cognitivo, no relacionamento com o outro,  para depois ser internalizado individualmente.  Esse processo significa que o desenvolvimento ocorre exteriormente para depois ocorrer efetivamente no interior do indivíduo. Sendo assim, sem influência mútua não há desenvolvimento.
Sua proposta é conhecida também como sócio- interacionista, pois o desenvolvimento histórico acontece do social para o individual.
"O ser humano só adquire cultura, linguagem, desenvolve o raciocínio se estiver inserido no meio com os outros. A criança só vai se desenvolver historicamente se inserida no meio social".[7]
Vigotsky fez seus estudos baseando-se no materialismo-histórico-dialético de Marx e Engels que afirmavam que as mudanças históricas sociais ocorridas dentro de uma sociedade, influenciam o comportamento dos indivíduos. Por isso Vigotsky afirma que o homem só se constrói homem nas suas relações sociais, pois é na vivência em sociedade que acontece a transformação do ser biológico para o ser humano. As informações nunca são absorvidas diretamente do meio, mas elas são intermediadas, direta ou indiretamente pelas pessoas que nos cercam, e que são carregadas de significados sociais e históricos. essas informações intermediadas e reelaboradas se concretizam numa espécie de linguagem interna, e caracterizará a sua individualidade.
Vigotsky buscou caracterizar os aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como estes se formaram ao longo da história humana e de como se desenvolvem durante a vida de um indivíduo. Ao longo do tempo, o homem foi desenvolvendo novos e mais aperfeiçoados instrumentos para melhorar sua condição de vida; e o uso destes tem como principal conseqüência psicológica provocar interações sociais e conseqüentemente o desenvolvimento histórico.
Vigotsky enfatiza o aspecto interacionista, pois considera que é no plano intersubjetivo, isto é, na troca de experiências entre as pessoas que têm origem as funções mentais superiores.
Vigotsky caracterizou a chamada zona de desenvolvimento proximal, que é a distância entre o que se pode fazer sozinho e o que se faz com a mediação de outra pessoa, ou de signos. O que novamente valida a importância de conhecer o contexto social no qual o indivíduo está inserido, para entender  a maneira como estrutura seu pensamento. Sendo essas medidas essenciais para iniciar e nortear um processo significativo de alfabetização, onde o aluno seja capaz de relacionar aprendizagens anteriores às atuais e não apenas decodificar signos.
Como Jean Piaget, Vigotsky também não acredita no processo simples de estímulo e resposta, pois, o que ele buscava  era o conflito entre as concepções idealista e mecanicista na psicologia. Esses modelos,de estímulo-resposta, condizentes com o behaviorismo,  em sua teoria são substituídos por um ato complexo, mediado por instrumentos psicológicos que podem aumentar a capacidade de atenção e memória, onde o aprendizado impulsiona as estruturas mentais. Observa o desenvolvimento infantil a partir de três aspectos: instrumental, cultural e histórico. Enquanto Piaget dá ênfase no papel estruturante do sujeito, pois considera o desenvolvimento da criança como dependente sobretudo da interação com objetos, Vigotsky enfatiza as interações entre os indivíduos e os instrumentos criados por estes para se relacionarem com o conhecimento.
Essa discussão sobre as relações que se estabelecem entre o desenvolvimento e a aprendizagem é fundamental para que se entendam, proponham e organizem diretrizes para a aquisição da linguagem escrita, pois subsidiam essa cognição essencialmente fundamentada no ensino e na aprendizagem.
A análise do ponto de vista desses dois autores ajuda   a direcionar esta pesquisa  sobre o que é aprender e o que é ensinar, considerando que o ser humano não é passivo, não nasce pronto, e interage com o meio e com as pessoas que o cercam.
Fundamentando-se na perspectiva de Jean Piaget e Lev Semenovith Vigotsky,  tanto se faz importante a interação com outrem como a interação com objetos para análise na  aquisição da linguagem escrita. Consideram-se os dois aspectos levantados pelos autores primordiais para alfabetização. A escrita toma a qualidade de "objeto", tal qual descrito por Jean Piaget, sendo a "interação" de Vigotsky  que torna possível relacionar conhecimentos anteriores, fazer analogias com o concreto e estabelecer vivacidade à erudição.





Capítulo III

EMÍLIA FERREIRO - OS NÍVEIS  ESTRUTURAIS DA    AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA

Nas últimas décadas, a educação no Brasil tem transposto períodos reflexivos que culminam numa idéia: a educação precisa mudar. O tema é mesmo corrente e continua atual. Não é mais uma questão de opção ou de postura  dos profissionais da educação, mas trata-se de uma exigência da sociedade, que cada vez mais prega a mudança da educação visando que esta seja de qualidade, tendo significado para o educando.
A partir de 1989, essas mudanças ficaram mais evidentes  pelo interesse demonstrado pelos brasileiros nas pesquisas de Emília Ferreiro. Esta autora, discípula de Jean Piaget, desenvolveu uma teoria científica embasada não só nesse autor, mas também em outras pesquisas científicas precedentes, porém compatíveis, como a de Lev Semenovith Vigotsky.
"Numa abordagem cognitiva construtivista-interacionista  do conhecimento, baseados fundamentalmente na Epistemologia Genética Piagentiana e Vigotskyniana, e na Psicolingüística (de Chomsky e outros), Emília Ferreiro e colaboradores vêm estudando desde 1974, em Buenos Aires e a partir de 1976, em Genebra e México, os estágios de conceptualização escrita e o desenvolvimento da lecto escrita." [8]

         O caráter dessas investigações é psicológico e não pedagógico, mas, de certa forma, vem revolucionando a prática pedagógica, principalmente no tocante à alfabetização. A referida autora contrapõe as idéias instituídas sobre a aquisição da linguagem escrita. Muitos paradigmas que estruturavam a prática pedagógica foram questionados e os pilares que sustentavam essa ação foram desestruturados e colocados em questão.
Num artigo escrito para revista pedagógica Pátio, Emília afirma que comparou a evolução da escrita na história da humanidade e na história individual, concluindo que "para alcançar uma escrita é necessário uma reflexão sobre a linguagem oral e escrita, o que permitirá tomar consciência de algumas propriedades fundamentais de ambas".[9]
Pressupõe-se que a autora considera relevante que o aluno expresse seu pensamento a cerca da escrita para que, sob as intervenções cabíveis, seja induzido a ponderações sobre a linguagem escrita e oral que o conduzem a norma padrão da língua.
Emília Ferreiro aplicou sua teoria de investigação de aprendizagem da leitura e da escrita em crianças, e constatou que cada criança aprende segundo sua lógica. Fato esse abordado nas teorias do desenvolvimento de Piaget e Vigotsky, que já advertiam que o desenvolvimento cognitivo é um processo seqüencial marcado por etapas caracterizadas por estruturas mentais diferenciadas. Embasada no legado dos referidos autores, Emília  estudou minuciosamente a aquisição da linguagem escrita. Sendo um processo que envolve elaboração e evolução cognitiva, parece natural que o processo de domínio do letramento, assim como o desenvolvimento seja composto por níveis de estruturas mentais diferentes. Assim ela distinguiu os níveis  pelos quais todos passam durante o processo de aprendizagem da escrita.
Em suas análises, que foram de fundamental importância para a mudança das composições e concepções sobre o modo como as crianças aprendem,  a referida autora delineou os níveis estruturais da aquisição da linguagem escrita da seguinte forma:
 1) Nível Pré-Silábico 1 -  É a fase das garatujas, onde a criança não tem idéia da existência de um sistema convencional de representação da fala, e se expressa através de desenhos.
 2) Nível Pré-Silábico 2 - A criança já conhece algumas letras do alfabeto e já assimilou que se escreve com letras do alfabeto.  É capaz de diferenciar gravuras de letras e números, e vai percebendo que  é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes
3) Nível Silábico - pode ser dividido entre silábico com valor sonoro, silábico sem valor sonoro e silábico alfabético
4) Nível Silábico sem valor sonoro - como o próprio nome já sugere,  a criança não leva em conta o som das letras. Compreende que há diferenças na representação escrita, utiliza-se do alfabeto para escrever, mas ainda não assimilou a forma padrão da grafia convencional. Escreve com a quantidade de letras corretas para representar uma palavra mas sem levar em conta o som que as letras produzem.
5) Nível Silábico com valor sonoro - Admite que a escrita convencional está relacionada com o "som" das palavras, o que a leva a sentir a necessidade de usar uma forma de grafia para cada som. Utiliza os símbolos gráficos de forma aleatória, usando apenas consoantes ou só vogais. O grande salto dessa fase está em relacionar a linguagem oral à linguagem escrita e, definitivamente constituir a idéia de um sistema convencional de escrita.    
6) Silábico- Alfabético - Convivem as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética. A criança oscila entre os dois níveis e tanto escreve silabicamente como alfabeticamente.
7) Nível Alfabético- a criança agora entende que a  escrita supõe a necessidade da análise fonética das palavras.
Os níveis acima descritos foram observados e analisados numa escola da rede municipal de ensino, situada no Bairro JK, na cidade de Anápolis. Na referida Unidade de Ensino funcionam atualmente três salas do 1º Ano do Ensino Fundamental em 9 anos, com crianças entre 5 e 7 anos de idade .
A metodologia utilizada para alfabetizar as crianças é sócio interacionista, sendo que o regimento escolar e o projeto político pedagógico respaldam práticas construtivistas e progressistas de modo que estas crianças trabalham muito com reflexão sobre a escrita e o diagnóstico para análise das escritas é realizado mensalmente.
Fundamentando-se em casos específicos, de observação e análise na escola-campo E.M.P.T.B.V., pode-se comprovar a real existência desses níveis através de amostras de escritas coletadas ao longo do processo de aquisição da linguagem escrita, revelando ainda a seqüência em que os níveis estruturais aparecem.[10]
A teoria de Emília abriu caminho aos docentes para a base científica nas formulações de novas propostas pedagógicas, demonstrando que é importante  conhecer o que o alfabetizando  pensa e sabe sobre a escrita, sendo possível através desse diagnóstico a reestruturação do ensino.
A autora desconsidera teorias pautadas no "ensinar", para dar espaço ao questionamento de "como se aprende" a ler e escrever. As teorias dominantes preocupam-se em desenvolver a aula, que é pautada na reprodução fiel de signos, sem considerar seus significados. O que se observa nesse tipo de metodologia é o professor a frente da sala, usando método expositivo, sem dar a devida relevância às estratégias de verificação daquilo que o aluno realmente internalizou sobre a escrita. A teoria de Emília Ferreiro possibilitou que através das hipóteses levantadas pelos alunos, o professor pondere a escrita individual, respondendo questionamentos importantes como: o que a criança já sabe sobre a escrita? Ela já relacionou fala e escrita? Já sabe que para escrever utilizamos letras?
Estes questionamentos irão nortear o ensino na aquisição da linguagem escrita, sempre partindo daquilo que o aluno já aprendeu e não pautada no que o professor já ensinou ou ainda vai ensinar.
Quando se faz um diagnóstico, pressupõe-se que a forma como o indivíduo se expressa graficamente é o reflexo do pensamento, do conhecimento que este possui sobre a escrita. Assim o educando passa a ser visto como sujeito e não um ser passivo que apenas acumula dados ou informações que lhe são passadas, para posteriormente utilizá-las. Portanto, cabe ao professor possibilitar oportunidades para a promoção efetiva da aprendizagem do aluno, respeitando sua individualidade e incentivando suas potencialidades, encorajando o aluno a criar suas próprias hipóteses em relação ao objeto do conhecimento, no caso, a escrita.   
Condizente com as teorias piagetianas e vigotskynianas, a referida autora faz analogia com a fala de Piaget que propõe: "uma nova maneira de encarar o ensino, que consiste em verificar como está o aprendiz e o que fazer para que ele progrida a partir do ponto em que está ".[11]
Segundo a psicogênese da linguagem escrita, a criança elabora hipóteses sobre a escrita que devem ser levadas em consideração, pois é  um ser pensante que tem suas lógicas. As atividades devem desafiar o pensamento  e gerar conflitos cognitivos que  ajudem a buscar novas respostas.
Desde a mais tenra idade as crianças são inseridas num mundo letrado, ou seja, desde seu nascimento elas já convivem cotidianamente com letras, cores, símbolos, o que pressupõe que após um certo desenvolvimento, cada indivíduo elabora uma temática a respeito do significado dos símbolos que a cercam. Crianças que ainda não lêem são capazes de se expressar através de garatujas e quando questionadas sobre as mesmas todas elas têm um argumento para explicar a lógica que compõe seu tipo de escrita. Segundo Emília Ferreiro e em testes aplicados se consideram as deliberações das crianças com uma certa lógica. Quando estas se encontram no nível silábico, escrevem uma letra para representar cada som da palavra. Para escrever CAMELO, utilizam CML ou AEO; não se pode negar a lógica de tal escrita, haja vista que esta considera os sons pronunciados e relaciona letra ao som, isto significa que há uma lógica no pensamento da criança que já sabe que para escrever utilizamos letras e  que a escrita é a representação da fala.
Os avanços serão obtidos mediante conflitos cognitivos. A criança deve ser conduzida, questionada de forma a problematizar a sua própria escrita. Isso se fará através de atividades que a levem a comparar, refletir sobre a função social da escrita.
Os conflitos cognitivos devem ser dirigidos de forma que o aluno que já se encontra na fase silábica compare sua escrita e a escrita convencional, percebendo as diferenças entre essas. Pode-se utilizar fichas, dicionário e outras tipologias textuais, porém, a intervenção do educador é determinante nesse processo, pois esse deve chamar atenção para o som que se quer transcrever, reforçando a quantidade de letras utilizadas. Deve-se oferecer ao aluno alfabeto móvel, para que o aluno manuseie o alfabeto e internalize que este é variável, e que com as mesmas letras escrevemos palavras diferentes  com significados diferentes apenas mudando a posição das letras. Exemplo: VACA / CAVA. É notório que a participação e acompanhamento contínuo se fazem essenciais.
A escrita deve  ser problematizada a partir da função social da mesma, ou seja, deve partir de questionamentos: para que, por que e para quem escrevemos? Qual a utilidade da escrita na vida em sociedade? Isso pode ser demonstrado e percebido pelos alunos através da utilização e exploração de diferentes gêneros textuais: jornais, cartas, bilhetes, slogans, receitas, bulas de remédio, rótulos e outros. Enquanto alunos que estão em fase de alfabetização escrevem um bilhete  e entregam a alguém, percebem nessa prática que a utilidade social deste é comunicar idéias e pensamentos a outrem. Se lêem ou ouvem a leitura de um jornal são capazes de entender que a utilidade do mesmo é informar. Assim irão se familiarizar com a utilidade da escrita no seu cotidiano.
O contato direto com tipologias textuais diversificadas aliada a prática real da utilização dos mesmos permitem ao indivíduo que ainda não se apropriou do código escrito entender porque escrevemos, bem como reconhecer nestes textos sinais, letras, palavras que já conhecem e, para os que se encontram num estágio mais avançado (silábico alfabético, por exemplo verificar se a forma como escrevem determinadas palavras ou textos é correta.
Dessa forma a aquisição da linguagem escrita torna-se um processo significativo, pois os alunos, a medida que vão conhecendo o código escrito relacionam a utilidade dessa no cotidiano, na sociedade e na vida.     







[1] PIAGET, Jean. Epistemologia Genética.Tradução de Álvaro Cabral: revisão de tradução Wilson Roberto Vacari. São Paulo: Martins Fontes, 2002

[2] GOULART, Iris Barbosa. PIAGET - Experiências básicas para utilização pelo professor. São Paulo: Vozes, 11ª ed.

[3] CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia da Aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1986.

[4] GOULART, Iris Barbosa. PIAGET - Experiências básicas para utilização pelo professor. São Paulo: Vozes, 11ª ed.

[5] GOULART, Iris Barbosa. PIAGET - Experiências básicas para utilização pelo professor. São Paulo: Vozes, 11ª ed.

[6] BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed, 9ª e., 2003.

[7] VIGOTSKY, Lev Semnovich. A Formação da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991

[8] FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999.

[9] Revista Pátio. Porto Alegre: Artmed. Ano VII nº 29. Fevereiro/Abril, 2004
[10]  Ver anexo
[11]  GOULART, Iris Barbosa. PIAGET - Experiências básicas para utilização pelo professor. São Paulo: Vozes, 11ª e.